Kemi, Finlândia

Não é Nenhum “Barco do Amor”. Quebra Gelo desde 1961


Ontem, hoje.
Motas de neve de última geração contrastam com as tendas tradicionais de Meri-Lapin.
À moda da Lapónia
Lapão Jani Lammi rebocado por uma das suas renas junto ao lugarejo de Meri-Lapin.
Anfitriões em trajes Tradicionais
Anfitriões da aldeia tradicional de Meri-Lapin, nas imediações de Kemi
Um Monstro de Quebra-Gelo
Passageiros ínfimos contra o enorme quebra-gelo "Sampo"
Outro rumo
Cargueiro abre o seu próprio caminho, numa direcção distinta da do canal sulcado pelo "Sampo".
Prontos para tudo
Equipados com fatos de mergulho de grande espessura e isolamento, dois voluntários preparam-se para mergulhar no canal do Golfo de Bótnia aberto pelo "Sampo"
Breve inspecção
Passageiros examinam o enorme casco reforçado do "Sampo" a partir da superfície sólida do Golfo de Bótnia em redor.
Rumo ao Árctico
Passageiros apreciam o canal aberto no Golfo de Bótnia desde a popa do "Sampo".
Senti, senti ?
Tripulante italiano Rafaello na sala de comunicações datada do velho quebra-gelo "Sampo"
Banho-Finlandês
A experiência das experiências da viagem a bordo do "Sampo" passageiros flutuam na água semi-gelada do canal recém-aberto pelo quebra-gelo no Golfo de Bótnia.
Canal no Golfo de Bótnia
Gelo moído por mais que um quebra-gelo, no golfo vasto que separa a Finlândia da Suécia.
Só à força
Grupo de taiwaneses diverte-se após o seu mergulho no Golfo de Bótnia.
Acção na Ponte
Comandante atento à navegação, na ponte do "Sampo"
Carta do Golfo de Bótnia
Pormenor de uma das cartas de navegação do Golfo de Bótnia.
O Convés Nevado
Vista Gelada
Tripulante observa um outro quebra-gelo a abrir um csnal quase paralelo.
Construído para manter vias navegáveis sob o Inverno árctico mais extremo, o quebra-gelo Sampo” cumpriu a sua missão entre a Finlândia e a Suécia durante 30 anos. Em 1988, reformou-se e dedicou-se a viagens mais curtas que permitem aos passageiros flutuar num canal recém-aberto do Golfo de Bótnia, dentro de fatos que, mais que especiais, parecem espaciais.

Andamos já bem fora do território tradicional que o povo Sami ocupa na Finlândia.

Por razões que a razão desconhece, é Sami o nome dos dois guias que nos vêm buscar ao Merihovi e nos orientam até ao embarque no quebra-gelo Sampo.

Desde o fim do curto dia anterior que estamos instalados neste hotel revivalista dos anos 50, no centro de Kemi.

Em termos cénicos, Kemi não corta a respiração a ninguém. Também não é uma cidade finlandesa qualquer. Fica no píncaro do Golfo de Bótnia, junto ao único lugar onde a Suécia e a nação suomi se encontram à beira-mar, umas meras centenas de quilómetros a sul do Círculo Polar Árctico.

Kemi é industrial de uma forma subtil, com o valor acrescido do seu porto de águas profundas, precioso nestas latitudes tanto tempo geladas.

O porto de pouco serviria se os metros superiores do mar ao largo se mantivessem sólidos durante o longo Inverno. Foi aí e por isso que uma das duas principais atracções de Kemi, o quebra-gelo Sampo, entrou nas histórias, na da Finlândia e na nossa.

Ao Cuidado de um Duo Sami

“Estão prontos? Trouxeram tudo?” inquirem-nos os Samis? Achávamos que sim. “Já alguma vez andaram de mota de neve?”

Era a terceira vez que explorávamos partes distintas desta região setentrional da Finlândia. Em todas elas tínhamos tido essa oportunidade.

“Óptimo! Assim poupam-nos algum tempo de briefing e instruções até porque, não é nada de grave, mas já vamos com um pouco de atraso.”

Vinte minutos depois, chegamos à doca semi-gelada de Kemi, e às imediações da sua outra grande curiosidade, o grande castelo de gelo de Lumilinna. Ali, uma trupe de forasteiros orientais divertia-se a fazer palhaçadas sobre a neve, e a filmá-las com o monumento em fundo.

À boa maneira austera e pragmática finlandesa, um dos Samis interrompe a diversão. Havia que pôr em marcha o programa da manhã e as motas. E a sua prioridade não tinha recurso.

Uma Expedição Gelada mas Deslumbrante

De um momento para o outro, de admiradores espantados daquela imensidão glacial do Golfo de Bótnia, passamos a percorrê-la em caravana e a grande velocidade.

Motas de neve em Meri-Lapin, Kemi, Finlândia

Motas de neve de última geração contrastam com as tendas tradicionais de Meri-Lapin

Avançamos uns bons quinze quilómetros sobre o mar gelado. E, regressados à terra pouco ou nada distinguível, por um caminho de litoral sinuoso, entre arbustos e espruces, alguns deles, transformados em elegantes candelabros naturais pela algidez compactadora da noite.

Os motoqueiros boreais à nossa frente detêm-se. Estacionam as motas à entrada de uma propriedade com três grandes tendas cónicas cobertas de neve e um curral aberto que, por essa altura, encerrava apenas três ou quatro renas. Dois criadores de gado lapões surgem do meio das tendas para nos acolher.

Vestem trajes a condizer com a condição. Reino Niemela e Jani Lammi, assim se chamam, convidam-nos a entrar para a tenda mais alta e que mais se assemelhava a um tipi dos indígenas norte-americanos.

Visita ao Lugarejo Nevado de Meri-Lapin

Mais feliz a lidar com as famílias e com as renas que com forasteiros que pouco lhes diziam, a dupla cumpre o seu papel com uma frieza condizente com a do clima. Para compensar, recuperam o vigor da fogueira no centro da tenda e servem-nos café a todos.

Os taiwaneses falam entre si. Nós já nos tínhamos acostumado a puxar pelos mais introvertidos finlandeses. Voltámos a tomar a iniciativa. “Mas vocês são sami?” perguntamos-lhes genuinamente confusos pela aparente semelhança do traje.

Reino, o ancião, toma a palavra da forma bem inspirada (de meter ar nos pulmões), pausada, poupada e lenta que caracteriza a fala dos suómi: “Não somos sami, somos Lapões. Cá na Finlândia, Lapões são todos os que, na Lapónia e há várias gerações, têm e criam renas.

Não precisam de ser sami. Estamos junto à aldeia de Meri-Lapin. Os sami ficam lá mais para cima.”

Nativo da região de Kemi rebocado por rena, Finlândia

Lapão Jani Lammi rebocado por uma das suas renas junto ao lugarejo de Meri-Lapin.

O aconchego do calor a lenha, o estímulo do café forte e a conversa com os anfitriões – entretanto, já menos contrariados por estarem contrariados no seu papel – mantiveram-nos embrenhados naquele abafado refúgio sub-árctico.

Não tarda, os Samis de baptismo, voltam a arrebatar o grupo do consolo da tenda para a frieza desumana do exterior. “Vamos rapazes, não há nada de novo em relação à vinda.

Só quando nos aproximarmos do  quebra-gelo Sampo, é que eu vou diminuir bastante a velocidade. Façam o mesmo. O barco pode ter deixado algumas falhas. Não queremos cair nelas.”

Rumo ao quebra-gelo “Sampo

E aí fomos nós, de novo em caravana. De novo aos esses pelo litoral e, entretanto, em linha recta pela vasta auto-estrada gelada de Bótnia.

O céu mantinha-se de um branco arroxeado. Emulava a superfície terreste e tornava a comitiva ainda mais insignificante naquele insondável tudo ou nada.

Vencidos vinte minutos e umas dezenas quilómetros, detectamos um vulto negro no horizonte. Quando nos aproximamos, confirmamos o esperado quebra-gelo Sampo.

Detemos as motas a uns cem metros, e cumpridas as apresentações. subimos para o convés pelo portaló de serviço.

Por essa altura, o barco já tinha a bordo dezenas de passageiros embarcados no ponto de partida original, nas imediações de Kemi.

Atrás de si, bem demarcado, o canal que abrira para ali chegar, estava repleto de pequenos blocos de gelo que aumentavam e se reforçavam à medida que o tempo passava.

Não tarda, o “Sampo” retoma a sua navegação Golfo de Bótnia adentro, sempre a abrir o gelo bem compacto, e a prolongar o canal que até então formara.

Quebra-gelo "Sampo" num canal aberto no Golfo de Bótnia, ao largo da Finlândia

Passageiros apreciam o canal aberto no Golfo de Bótnia desde a popa do “Sampo”.

Pelo Golfo de Bótnia Acima

Rafaello, um italiano que trabalhava no navio havia muitos anos apresenta-se da forma calorosa e sedutora que forra a alma de quase todos os latinos.

Conduz-nos num périplo pelos recantos mais curiosos do barco e regala-nos com informações a condizer.

Tripulante Rafaello a bordo do quebra-gelo "Sampo", Kemi, Finlândia

Tripulante italiano Rafaello na sala de comunicações datada do velho quebra-gelo “Sampo”

“Sabem que o “Sampo” tem 76 metros de comprimento mas pesa três vezes mais que um navio de passageiros do mesmo tamanho. Porquê? Porque para quebrar o gelo tem que ser bem mais pesado.

Logo por altura da construção, à parte de receber um casco hípereforçado, foram-lhe adicionadas 100 toneladas de água para permitir que fizesse o seu trabalho. Engraçado não é?”

Quase tudo era engraçado ali a bordo.

A começar por ser um italiano a guiar, em inglês, passageiros portugueses de um quebra-gelo finlandês.

Depois, tínhamos vindo de uns dias na ilha de Hailuoto, próxima de uma cidade mais para sul, Oulu. Pois, em Hailuoto, um dos nossos cicerones de uma quinta local também se chamava Sampo.

Quando estranhamos a abundância do nome e investigamos, damos connosco numa viagem vertiginosa nos domínios da mitologia finlandesa.

A Origem Mitológica de Sampo

Segundo esta, Sampo era um artefacto mágico de tipo indeterminado que beneficiava quem o possuía com boa-sorte e riqueza. Fora construído por Ilmarinem, um deus ferreiro e marteleiro, eterno artífice e inventor por excelência na “Kalevala”.

Ora, a “Kalevala”, por sua vez, é o respeitado poema épico nacional que compila o folclore e a mitologia oral finlandesa e da região da Karelia, que a Finlândia viu, em boa parte, perdida para a U.R.S.S., após a Guerra de Inverno entre os dois estados.

Não terá sido coincidência que o nome desse tal artefacto mitológico tenha sido atribuído à embarcação poderosa em que seguíamos.

Cargueiro no Golfo de Bótnia, Finlândia

Cargueiro abre o seu próprio caminho, numa direcção distinta da do canal sulcado pelo “Sampo”.

Para começar, ao longo dos tempos, o Sampo mitológico foi interpretado de todas as maneiras e feitios.

De pilar ou árvore do mundo, compasso, astrolábio, arca com tesouro, moeda Bizantina, escudo do período sueco Vendel (prévio à Era Viquingue), relíquia cristã, entre outros.

Com tal abundância de hipóteses, porque não um quebra-gelo.

Na época em que operava na sua plenitude, aquela peculiar geringonça marinha provou-se milagrosa para inúmeras companhias de navegação, empresas exportadoras e importadoras e, claro está, para os habitantes dos dois lados do Golfo de Bótnia.

E como nos deliciamos, a partir da proa, a vê-la quebrar o gelo por diante, se bem que respeitosa para com os resultados das medições da sua espessura feitas e comunicadas ao comandante de tempos a tempos por um tripulante.

O barco vivia já a sua velhice.

Tratava-se apenas de bom-senso evitar que se metesse em áreas demasiado desafiantes.

“Sampo”: 30 Anos de Árduo Quebra-Gelo

Este mesmo “Sampo” agora também cruzeiro de Inverno foi construído entre 1960 e 1961, em Helsínquia para suceder a um outro quebra-gelo homónimo que operou entre 1898 e 1960, o primeiro na Europa com propulsores tanto na proa como na popa.

O quebra-gelo Sampo  substituto que nos transportava manteve faixas navegáveis no extremo norte do Golfo de Bótnia durante quase trinta anos.

Desgastado pelo tempo de uso e ultrapassado pela evolução tecnológica, foi comprado pela cidade de Kemi por cerca de 167 mil euros.

Nesse mesmo ano, sem ter sequer começado a operar, o Finnish Tourism Board considerou-o o Melhor Produto Turístico da Finlândia.

Em 1988, começou a sua carreira de vaivéns turísticos, no mesmo itinerário e “programa de festas” que desfrutávamos.

Como quebra-gelo inveterado que se assumia, imobilizava-se durante o Verão árctico, quando em dias de bonança, até barcos insufláveis navegam o Golfo de Bótnia.

Várias milhas náuticas depois, já a maior parte dos passageiros tinham vasculhado o barco e, muitos deles, almoçado a bordo.

O “Sampo” volta a deter-se. Há muito que o navio triturava e abria o gelo sob o seu casco.

Estava na hora de os passageiros se banharem na “piscina” assim criada.

Passageiros a caminho de um mergulho no Golfo de Bótnia gelado, Finlândia

Equipados com fatos de mergulho de grande espessura e isolamento, dois voluntários preparam-se para mergulhar no canal do Golfo de Bótnia aberto pelo “Sampo”

Tempo de Testar as Águas Gélidas do Golfo de Bótnia

Um outro tripulante aborda-nos. Prenda-nos com fatos de mergulho vermelhos integrais e luvas a condizer com os nossos tamanhos. “Apertem tudo! Não deixem folgas!…

Se por alguma aselhice deixam alguma desta água entrar, acreditem que é bem pior que o esquentador lá de casa parar de funcionar.”

Nas outras tais viagens pela Lapónia Finlandesa, tínhamos mergulhado sem fatos nos quase sagrados avantos suómi, as aberturas que os finlandeses criam em rios ou lagos gelados e em que mergulham após algum tempo de molho nas saunas.

Estávamos, assim, algo intrigados quanto ao porquê da obrigatoriedade do seu uso. Não demoraríamos a agradece-la.

Já equipados em estilo de astronautas de calota polar marciana, descemos o portaló. Abeiramo-nos do curso aberto pelo navio.

Rafaello, dá-nos um OK. Descemos não com um simples mergulho estimulante, como acontecia nos avantos, mas devagar devagarinho, com cuidado a condizer.

Os fragmentos de gelo abundam também naquela secção do canal. Aos 23º negativos que se faziam sentir, renovavam-se e aumentavam de tamanho em contínuo.

A tripulação não tinha como os conter ou afastar.

Os fatos espessos que nos transformavam em desenhos animados, serviam não só como protecção térmica como de acolchoamento contra as arestas cortantes de tais mini-icebergs.

Uma Cómica Flutuação

Assim sendo, divertimo-nos a fazer aquilo que os trajes nos permitiam fazer: flutuar – de preferência de barriga para cima – praticar curtas natações geriátricas e pedirmos para nos registarem o momento que, a cada segundo que passava, para lá de singular, se provava mais idiótico.

Passageiros na água gélida do Golfo de Bótnia, Finlândia

A experiência das experiências da viagem a bordo do “Sampo” passageiros flutuam na água semi-gelada do canal recém-aberto pelo quebra-gelo no Golfo de Bótnia.

Por sorte, a equipa de TV de Taiwan, não esperou que saíssemos para entrar em cena. A produzir conteúdos de um teor assumidamente burlesco, tratou de dar seguimento ao nosso ensaio com personagens especializadas no género.

Com todos os passageiros de novo a bordo, o navio inverteu marcha rumo a Kemi.

À chegada, já desembarcados, ainda ficamos uma boa meia-hora sobre o Golfo de Bótnia gelado a circundar e a fotografar aquele quebra-gelo terreno, mesmo real, com o seu quê de mítico, na Finlândia.

Passageiros examinam o quebra-gelo "Sampo" Finlândia

Passageiros examinam o enorme casco reforçado do “Sampo” a partir da superfície sólida do Golfo de Bótnia em redor.

A TAP opera voos diários e directos de Lisboa para Helsínquia.

Hailuoto, Finlândia

Um Refúgio no Golfo de Bótnia

Durante o Inverno, a ilha de Hailuoto está ligada à restante Finlândia pela maior estrada de gelo do país. A maior parte dos seus 986 habitantes estima, acima de tudo, o distanciamento que a ilha lhes concede.
Oulu, Finlândia

Oulu: uma Ode ao Inverno

Situada no cimo nordeste do Golfo de Bótnia, Oulu é uma das cidades mais antigas da Finlândia e a sua capital setentrional. A meros 220km do Círculo Polar Árctico, até nos meses mais frígidos concede uma vida ao ar livre prodigiosa.
Ilha Hailuoto, Finlândia

À Pesca do Verdadeiro Peixe Fresco

Abrigados de pressões sociais indesejadas, os ilhéus de Hailuoto sabem sustentar-se. Sob o mar gelado de Bótnia capturam ingredientes preciosos para os restaurantes de Oulu, na Finlândia continental.
Lapónia, Finlândia

Em Busca da Raposa de Fogo

São exclusivas dos píncaros da Terra as auroras boreais ou austrais, fenómenos de luz gerados por explosões solares. Os nativos Sami da Lapónia acreditavam tratar-se de uma raposa ardente que espalhava brilhos no céu. Sejam o que forem, nem os quase 30º abaixo de zero que se faziam sentir no extremo norte da Finlândia nos demoveram de as admirar.
Inari, Finlândia

O Parlamento Babel da Nação Sami

A Nação sami integra quatro países, que ingerem nas vidas dos seus povos. No parlamento de Inari, em vários dialectos, os sami governam-se como podem.
Rovaniemi, Finlândia

Da Lapónia Finlandesa ao Árctico, Visita à Terra do Pai Natal

Fartos de esperar pela descida do velhote de barbas pela chaminé, invertemos a história. Aproveitamos uma viagem à Lapónia Finlandesa e passamos pelo seu furtivo lar.
Helsínquia, Finlândia

A Páscoa Pagã de Seurasaari

Em Helsínquia, o sábado santo também se celebra de uma forma gentia. Centenas de famílias reúnem-se numa ilha ao largo, em redor de fogueiras acesas para afugentar espíritos maléficos, bruxas e trolls
Kuusamo ao PN Oulanka, Finlândia

Sob o Encanto Gélido do Árctico

Estamos a 66º Norte e às portas da Lapónia. Por estes lados, a paisagem branca é de todos e de ninguém como as árvores cobertas de neve, o frio atroz e a noite sem fim.
Inari, Finlândia

Os Guardiães da Europa Boreal

Há muito discriminado pelos colonos escandinavos, finlandeses e russos, o povo Sami recupera a sua autonomia e orgulha-se da sua nacionalidade.
Saariselka, Finlândia

O Delicioso Calor do Árctico

Diz-se que os finlandeses criaram os SMS para não terem que falar. O imaginário dos nórdicos frios perde-se na névoa das suas amadas saunas, verdadeiras sessões de terapia física e social.
PN Oulanka, Finlândia

Um Lobo Pouco Solitário

Jukka “Era-Susi” Nordman criou uma das maiores matilhas de cães de trenó do mundo. Tornou-se numa das personagens mais emblemáticas da Finlândia mas continua fiel ao seu cognome: Wilderness Wolf.
Helsínquia, Finlândia

O Design que Veio do Frio

Com boa parte do território acima do Círculo Polar Árctico, os finlandeses respondem ao clima com soluções eficientes e uma obsessão pela arte, pela estética e pelo modernismo inspirada na vizinha Escandinávia.
Helsínquia, Finlândia

Uma Via Crucis Frígido-Erudita

Chegada a Semana Santa, Helsínquia exibe a sua crença. Apesar do frio de congelar, actores pouco vestidos protagonizam uma re-encenação sofisticada da Via Crucis por ruas repletas de espectadores.
Inari, Finlândia

A Corrida Mais Louca do Topo do Mundo

Há séculos que os lapões da Finlândia competem a reboque das suas renas. Na final da Kings Cup - Porokuninkuusajot - , confrontam-se a grande velocidade, bem acima do Círculo Polar Ártico e muito abaixo de zero.
Helsínquia, Finlândia

A Fortaleza em Tempos Sueca da Finlândia

Destacada num pequeno arquipélago à entrada de Helsínquia, Suomenlinna foi erguida por desígnios político-militares do reino sueco. Durante mais de um século, a Rússia deteve-a. Desde 1917, que o povo suómi a venera como o bastião histórico da sua espinhosa independência.
Porvoo, Finlândia

Uma Finlândia Medieval e Invernal

Uma das povoações anciãs da nação suómi, no início do século XIV, Porvoo era um entreposto ribeirinho atarefado e a sua terceira cidade. Com o tempo, Porvoo perdeu a importância comercial. Em troca, tornou-se um dos redutos históricos venerados da Finlândia.  
Helsínquia, Finlândia

A Filha Suomi do Báltico

Várias cidades cresceram, emanciparam-se e prosperaram à beira deste mar interior do Norte. Helsínquia lá se destacou como a capital monumental da jovem nação finlandesa.
Kemi, Finlândia

Uma Finlândia Pouco Convencional

As próprias autoridades definem Kemi como ”uma pequena cidade ligeiramente aloucada do norte finlandês”. Quando a visitamos, damos connosco numa Lapónia inconformada com os modos tradicionais da região.
Fiéis saúdam-se no registão de Bukhara.
Cidade
Bukhara, Uzbequistão

Entre Minaretes do Velho Turquestão

Situada sobre a antiga Rota da Seda, Bukhara desenvolveu-se desde há pelo menos, dois mil anos como um entreposto comercial, cultural e religioso incontornável da Ásia Central. Foi budista, passou a muçulmana. Integrou o grande império árabe e o de Gengis Khan, reinos turco-mongois e a União Soviética, até assentar no ainda jovem e peculiar Uzbequistão.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Parque Nacional Gorongosa, Moçambique, Vida Selvagem, leões
Safari
PN Gorongosa, Moçambique

O Coração da Vida Selvagem de Moçambique dá Sinais de Vida

A Gorongosa abrigava um dos mais exuberantes ecossistemas de África mas, de 1980 a 1992, sucumbiu à Guerra Civil travada entre a FRELIMO e a RENAMO. Greg Carr, o inventor milionário do Voice Mail recebeu a mensagem do embaixador moçambicano na ONU a desafiá-lo a apoiar Moçambique. Para bem do país e da humanidade, Carr comprometeu-se a ressuscitar o parque nacional deslumbrante que o governo colonial português lá criara.
Thorong La, Circuito Annapurna, Nepal, foto para a posteridade
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 13º - High Camp a Thorong La a Muktinath, Nepal

No Auge do Circuito dos Annapurnas

Aos 5416m de altitude, o desfiladeiro de Thorong La é o grande desafio e o principal causador de ansiedade do itinerário. Depois de, em Outubro de 2014, ter vitimado 29 montanhistas, cruzá-lo em segurança gera um alívio digno de dupla celebração.
Lençóis da Bahia, Diamantes Eternos, Brasil
Arquitectura & Design
Lençois da Bahia, Brasil

Lençois da Bahia: nem os Diamantes São Eternos

No século XIX, Lençóis tornou-se na maior fornecedora mundial de diamantes. Mas o comércio das gemas não durou o que se esperava. Hoje, a arquitectura colonial que herdou é o seu bem mais precioso.
Aventura
Vulcões

Montanhas de Fogo

Rupturas mais ou menos proeminentes da crosta terrestre, os vulcões podem revelar-se tão exuberantes quanto caprichosos. Algumas das suas erupções são gentis, outras provam-se aniquiladoras.
Big Freedia e bouncer, Fried Chicken Festival, New Orleans
Cerimónias e Festividades
New Orleans, Luisiana, Estados Unidos

Big Freedia: em Modo Bounce

New Orleans é o berço do jazz e o jazz soa e ressoa nas suas ruas. Como seria de esperar, numa cidade tão criativa, lá emergem novos estilos e actos irreverentes. De visita à Big Easy, aventuramo-nos à descoberta do Bounce hip hop.
Sósias dos irmãos Earp e amigo Doc Holliday em Tombstone, Estados Unidos da América
Cidades
Tombstone, E.U.A.

Tombstone: a Cidade Demasiado Dura para Morrer

Filões de prata descobertos no fim do século XIX fizeram de Tombstone um centro mineiro próspero e conflituoso na fronteira dos Estados Unidos com o México. Lawrence Kasdan, Kurt Russel, Kevin Costner e outros realizadores e actores hollywoodescos tornaram famosos os irmãos Earp e o duelo sanguinário de “O.K. Corral”. A Tombstone que, ao longo dos tempos tantas vidas reclamou, está para durar.
Singapura Capital Asiática Comida, Basmati Bismi
Comida
Singapura

A Capital Asiática da Comida

Eram 4 as etnias condóminas de Singapura, cada qual com a sua tradição culinária. Adicionou-se a influência de milhares de imigrados e expatriados numa ilha com metade da área de Londres. Apurou-se a nação com a maior diversidade gastronómica do Oriente.
Cultura
Pueblos del Sur, Venezuela

Os Pauliteiros de Mérida, Suas Danças e Cia

A partir do início do século XVII, com os colonos hispânicos e, mais recentemente, com os emigrantes portugueses consolidaram-se nos Pueblos del Sur, costumes e tradições bem conhecidas na Península Ibérica e, em particular, no norte de Portugal.
Natação, Austrália Ocidental, Estilo Aussie, Sol nascente nos olhos
Desporto
Busselton, Austrália

2000 metros em Estilo Aussie

Em 1853, Busselton foi dotada de um dos pontões então mais longos do Mundo. Quando a estrutura decaiu, os moradores decidiram dar a volta ao problema. Desde 1996 que o fazem, todos os anos. A nadar.
Sal Muito Grosso
Em Viagem
Salta e Jujuy, Argentina

Pelas Terras Altas da Argentina Profunda

Um périplo pelas províncias de Salta e Jujuy leva-nos a desvendar um país sem sinal de pampas. Sumidos na vastidão andina, estes confins do Noroeste da Argentina também se perderam no tempo.
Tabatô, Guiné Bissau, Balafons
Étnico
Tabatô, Guiné Bissau

Tabatô: ao Ritmo do Balafom

Durante a nossa visita à tabanca, num ápice, os djidius (músicos poetas)  mandingas organizam-se. Dois dos balafonistas prodigiosos da aldeia assumem a frente, ladeados de crianças que os imitam. Cantoras de megafone em riste, cantam, dançam e tocam ferrinhos. Há um tocador de corá e vários de djambés e tambores. A sua exibição gera-nos sucessivos arrepios.
arco-íris no Grand Canyon, um exemplo de luz fotográfica prodigiosa
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Luz Natural (Parte 1)

E Fez-se Luz na Terra. Saiba usá-la.

O tema da luz na fotografia é inesgotável. Neste artigo, transmitimos-lhe algumas noções basilares sobre o seu comportamento, para começar, apenas e só face à geolocalização, a altura do dia e do ano.
Vaca cachena em Valdreu, Terras de Bouro, Portugal
História
Campos de Gerês -Terras de Bouro, Portugal

Pelos Campos do Gerês e as Terras de Bouro

Prosseguimos num périplo longo e ziguezagueante pelos domínios da Peneda-Gerês e de Bouro, dentro e fora do nosso único Parque Nacional. Nesta que é uma das zonas mais idolatradas do norte português.
Vertente leste do vulcão, Ilha do Fogo, Cabo Verde
Ilhas
Ilha do Fogo, Cabo Verde

À Volta do Fogo

Ditaram o tempo e as leis da geomorfologia que a ilha-vulcão do Fogo se arredondasse como nenhuma outra em Cabo Verde. À descoberta deste arquipélago exuberante da Macaronésia, circundamo-la contra os ponteiros do relógio. Deslumbramo-nos no mesmo sentido.
costa, fiorde, Seydisfjordur, Islandia
Inverno Branco
Seydisfjordur, Islândia

Da Arte da Pesca à Pesca da Arte

Quando armadores de Reiquejavique compraram a frota pesqueira de Seydisfjordur, a povoação teve que se adaptar. Hoje, captura discípulos da arte de Dieter Roth e outras almas boémias e criativas.
Sombra vs Luz
Literatura
Quioto, Japão

O Templo de Quioto que Renasceu das Cinzas

O Pavilhão Dourado foi várias vezes poupado à destruição ao longo da história, incluindo a das bombas largadas pelos EUA mas não resistiu à perturbação mental de Hayashi Yoken. Quando o admirámos, luzia como nunca.
Em espera, Mauna Kea vulcão no espaço, Big Island, Havai
Natureza
Mauna Kea, Havai

Mauna Kea: um Vulcão de Olho no Espaço

O tecto do Havai era interdito aos nativos por abrigar divindades benevolentes. Mas, a partir de 1968 várias nações sacrificaram a paz dos deuses e ergueram a maior estação astronómica à face da Terra
Sheki, Outono no Cáucaso, Azerbaijão, Lares de Outono
Outono
Sheki, Azerbaijão

Outono no Cáucaso

Perdida entre as montanhas nevadas que separam a Europa da Ásia, Sheki é uma das povoações mais emblemáticas do Azerbaijão. A sua história em grande parte sedosa inclui períodos de grande aspereza. Quando a visitámos, tons pastéis de Outono davam mais cor a uma peculiar vida pós-soviética e muçulmana.
lagoas e fumarolas, vulcoes, PN tongariro, nova zelandia
Parques Naturais
Tongariro, Nova Zelândia

Os Vulcões de Todas as Discórdias

No final do século XIX, um chefe indígena cedeu os vulcões do PN Tongariro à coroa britânica. Hoje, parte significativa do povo maori reclama aos colonos europeus as suas montanhas de fogo.
Templo Kongobuji
Património Mundial UNESCO
Monte Koya, Japão

A Meio Caminho do Nirvana

Segundo algumas doutrinas do budismo, são necessárias várias vidas para atingir a iluminação. O ramo shingon defende que se consegue numa só. A partir do Monte Koya, pode ser ainda mais fácil.
Vista do topo do Monte Vaea e do tumulo, vila vailima, Robert Louis Stevenson, Upolu, Samoa
Personagens
Upolu, Samoa

A Ilha do Tesouro de Stevenson

Aos 30 anos, o escritor escocês começou a procurar um lugar que o salvasse do seu corpo amaldiçoado. Em Upolu e nos samoanos, encontrou um refúgio acolhedor a que entregou a sua vida de alma e coração.
Magníficos Dias Atlânticos
Praias
Morro de São Paulo, Brasil

Um Litoral Divinal da Bahia

Há três décadas, não passava de uma vila piscatória remota e humilde. Até que algumas comunidades pós-hippies revelaram o retiro do Morro ao mundo e o promoveram a uma espécie de santuário balnear.
Religião
Circuito Annapurna: 5º - Ngawal a BragaNepal

Rumo a Braga. A Nepalesa.

Passamos nova manhã de meteorologia gloriosa à descoberta de Ngawal. Segue-se um curto trajecto na direcção de Manang, a principal povoação no caminho para o zénite do circuito Annapurna. Ficamo-nos por Braga (Braka). A aldeola não tardaria a provar-se uma das suas mais inolvidáveis escalas.
Comboio do Fim do Mundo, Terra do Fogo, Argentina
Sobre Carris
Ushuaia, Argentina

Ultima Estação: Fim do Mundo

Até 1947, o Tren del Fin del Mundo fez incontáveis viagens para que os condenados do presídio de Ushuaia cortassem lenha. Hoje, os passageiros são outros mas nenhuma outra composição passa mais a Sul.
Tabatô, Guiné Bissau, tabanca músicos mandingas. Baidi
Sociedade
Tabatô, Guiné Bissau

A Tabanca dos Músicos Poetas Mandingas

Em 1870, uma comunidade de músicos mandingas em itinerância, instalou-se junto à actual cidade de Bafatá. A partir da Tabatô que fundaram, a sua cultura e, em particular, os seus balafonistas prodigiosos, deslumbram o Mundo.
Mulheres com cabelos longos de Huang Luo, Guangxi, China
Vida Quotidiana
Longsheng, China

Huang Luo: a Aldeia Chinesa dos Cabelos mais Longos

Numa região multiétnica coberta de arrozais socalcados, as mulheres de Huang Luo renderam-se a uma mesma obsessão capilar. Deixam crescer os cabelos mais longos do mundo, anos a fio, até um comprimento médio de 170 a 200 cm. Por estranho que pareça, para os manterem belos e lustrosos, usam apenas água e arrôz.
Transpantaneira pantanal do Mato Grosso, capivara
Vida Selvagem
Pantanal do Mato Grosso, Brasil

Transpantaneira, Pantanal e Confins do Mato Grosso

Partimos do coração sul-americano de Cuiabá para sudoeste e na direcção da Bolívia. A determinada altura, a asfaltada MT060 passa sob um portal pitoresco e a Transpantaneira. Num ápice, o estado brasileiro de Mato Grosso alaga-se. Torna-se um Pantanal descomunal.
Passageiros, voos panorâmico-Alpes do sul, Nova Zelândia
Voos Panorâmicos
Aoraki Monte Cook, Nova Zelândia

A Conquista Aeronáutica dos Alpes do Sul

Em 1955, o piloto Harry Wigley criou um sistema de descolagem e aterragem sobre asfalto ou neve. Desde então, a sua empresa revela, a partir do ar, alguns dos cenários mais grandiosos da Oceania.