Rapa Nui - Ilha da Páscoa, Chile

Sob o Olhar dos Moais


Vítima do Destino
Um moai meio esculpido abandonado na pedreira de Rano Raraku, em tempos usada pelos nativos de Rapa Nui para esculpir as suas figuras mitológicas.
Ahu Ature Huki – Contraluz
Silhueta dos moais Ahu Ature Huki, re-erguidos pelo explorador norueguês Thor Heyerdahl.
Exército de Moais
Turista asiática posa em frente à formação de moais de Ahu Tongariki.
Cavalos anfíbios
Cavalos refrescam-se em poças lamacentas de Rapa Nui.
Empanadas e outros
Empregadas de uma roulotte que vende empanadas e outros petiscos chilenos.
Moais de Ahu Tongariki
Secção de Ahu Tongariki, a maior formação de moais de Rapa Nui.
As derradeiras palmeiras
Silhueta de palmeiras da praia de Anakena, alegadamente algumas das poucas poupadas pela civilização Rapa Nui.
Moai deitado
Moai semi-esculpido e abandonado no solo da pedreira de Rano Raraku, onde os nativos rapa nui criavam as suas estátuas.
Praia de Anakena
Baia de Anakena, uma das poucas praias de areia branca de Rapa Nui.
Formação Ahu Ature Huki
Moais de Ahu Ature Huki com os seus Pukaos, em plena praia de Anakena.
De olho nos Forasteiros
Pai e filhos sob o olhar do moai anu Tahai.
Pose Rapa Nui
Dançarino Rapa Nui exibe uma dança tradicional durante um espectáculo do bar Matato'a.
Moai com Pukau
Um dos moais de Ahu Tongariki, com o seu Pukao (chapéu) original.
Pau e Amparo
Duas chilenas migradas em Rapa Nui, conformadas com o perfil "Truman Show" da ilha.
Tranquilidade Rapa Nui
Enseada de àguas translúcidas e tranquilas de Rapa Nui.
Guardiães Rapa Nui
Sequência de moais de Ahu Tongariki, virados para o interior da ilha.
Um Pasto sem fim
Cavalos pastam num prado viçoso de Rapa Nui.
Hospitalidade Rapa Nui
Moa Teru Eru descasca cocos para uma turista chilena.
Rano Raraku
Moais semi-enterrados na cratera de Rano Raraku, a pedreira em que, durante meio milénio, foram fabricadas 95% das estátuas monolíticas da ilha.
Bustos moais
Mais moais semi-enterrados na cratera de Rano Raraku, a pedreira em que, durante meio milénio, foram fabricadas 95% das estátuas monolíticas da ilha.
Rapa Nui foi descoberta pelos europeus no dia de Páscoa de 1722. Mas, se o nome cristão ilha da Páscoa faz todo o sentido, a civilização que a colonizou de moais observadores permanece envolta em mistério.

Nenhum outro lugar é tão solitário como a Ilha da Páscoa.

Deitadas sobre um pequeno prado verdejante da beira-mar, Amparo Ortiz Sainz e Pau Santibañez sondam o vasto oceano Pacífico em busca de algo.

As ilhas habitadas mais próximas, as Pitcairn, distam 2100km e o arquipélago Juan Fernández, de que faz parte a ilha Robinson Crusoe, 3700km.

Degredadas da capital Santiago e das famílias, as duas amigas continuam à espera de uma salvação que não chega e que mesmo que chegasse, teriam que rejeitar.

A situação económica agora mais desafogada e estável do Chile não favorece todos os seus jovens.

À falta de empregos recompensadores perto de casa, as duas aceitaram mudar-se para o território mais apartado da nação onde, tendo apenas as finanças em conta, a separação lhes pareceu inicialmente vantajosa.

A Dupla Chilena de “Truman Show”

Depois de três dias de intempérie, um sol estranhamente suave para estas latitudes tropicais acaricia Rapa Nui enquanto o mar acalma.

Amparo e Pau vinham com vontade de aperfeiçoar os seus dotes de surfistas principiantes mas a preguiça e o deleite fácil levavam a melhor.

Tanto elas como a prancha ficavam-se por terra.

Pau e Amparo, Ilha Pascoa, Rapa Nui, Chile

Duas chilenas migradas em Rapa Nui, conformadas com o perfil “Truman Show” da ilha da Páscoa

Interrompemos uma caminhada acelerada pela marginal de Hanga Roa para esclarecer uma qualquer dúvida de orientação e acabamos por nos juntar ao seu retiro.

A conversa não tarda a fluir com o som das ondas em fundo: “Truman Show“. É o que nós costumamos chamar à nossa vida por aqui. Lembram-se daquela cena em que o Jim Carrey choca contra a cápsula invisível do estúdio? Acontece-nos todos os dias.

Mesmo os visitantes como vocês que cá ficam uma semana ou mais, descobrem os moais e as melhores paisagens, dão a volta à ilha e depois ficam sem saber o que fazer. Já devem ter começado a perceber, não? Se quiserem, apareçam no Matato’a mais logo.

É o único sítio com animação em muitos milhares de quilómetros.”

Regressamos à pousada que nos hospeda ainda antes do anoitecer  e voltamos ao convívio com dois portugueses do Porto que, por mero acaso, ali se haviam também instalado.

Portugueses até no Umbigo do Mundo.

A ilha da Páscoa era o último dos lugares em que esperávamos cruzar-nos com compatriotas mas, inspirados pela histórica vocação lusa de cruzar mares, a Verónica e o Miguel tinham-se mudado da Invicta para estudar arquitectura em Valparaíso.

Gozavam uns dias de férias algo chuvosos naqueles confins quase ilógicos do Chile.

De regresso, quanto terminámos a contagem, foram a metade dos quatro portugueses que encontrámos num ano de volta ao mundo.

As Danças Polinésias do Matato’a Bar

A noite cai e vamos mesmo espreitar o Matato’a Bar, até porque Carole, uma nossa jovem anfitriã francesa de Papeete –Taiti tinha passado horas a gabar o espectáculo de dança ali apresentado ou, mais concretamente a forma física – digamos assim – e a beleza dos rapazes protagonistas.

O nome do bar significa o olho do guerreiro.

Também é usado pelo grupo familiar formado em 1996 por Kevamatato’a Atan. A condizer, as danças masculinas são rápidas e acrobáticas.

Dançarino, Ilha Pascoa, Rapa Nui, Chile

Dançarino Rapa Nui exibe uma dança tradicional durante um espectáculo do bar Matato’a da Ilha da Páscoa

Dramatizadas pela iluminação quente que destaca os corpos suados e as pinturas. São marcas inequívocas de uma genética e cultura polinésia que nem a falta de tatuagens parece por em causa.

Detectamos as heranças artísticas do que se acredita ter sido o passado intensamente bélico da ilha.

Apesar de estarmos num sector do oceano Pacífico quase oposto ao da Nova Zelândia, identificamos também expressões e movimentos a que o povo maori poderia chamar seus.

Enigma atrás de Enigma

Sabemos que a Polinésia encerra incontáveis segredos e a civilização perdida de Rapa Nui, em particular, gera as mais díspares e inesperadas teorias. A função da sua população de moais está no top dos enigmas.

Num dos dias solarengos que se seguem, inspecionamos a estranha formação de Ahu Tongariki, a maior de tantas outras espalhadas pela ilha. É constituída por 15 estátuas cabeçudas com muitas toneladas.

Interrogamo-nos sobre o que teria justificado as tarefas hercúleas da sua escultura, transporte e posicionamento.

ahu tongariki, Ilha Pascoa, Rapa Nui, Chile

Sequência de moais de Ahu Tongariki, virados para o interior de Rapa Nui, a ilha da Páscoa

Mas também imaginamos a comoção do seu derrube pelas facções inimigas durante as guerras civis de Rapa Nui.

E, mais recentemente, do seu arrastamento para o interior pelas ondas do tsunami que invadiu a ilha em 1960.

Descobrimos ainda a ironia de, depois de recuperados por uma equipa de arqueólogos chilenos, os quinze moais terem sido reposicionados e reerguidos entre 1992 e 1995 pela Tadano, uma empresa do país que baptizou mundialmente o fenómeno natural que os havia movido.

Dali, caminhamos até à cratera de Rano Raraku, a pedreira em que, durante meio milénio, foram fabricadas 95% das estátuas monolíticas da ilha, até ao início do século XVIII.

Rano Raraku, Ilha Pascoa, Rapa Nui, Chile

Moais semi-enterrados na cratera de Rano Raraku, a pedreira rapa nui em que, durante meio milénio, foram fabricadas 95% das estátuas monolíticas da ilha da Páscoa

Entre uma comunidade muda de 397 exemplares, descobrimos vários moais gigantescos (até 21.6 metros e 270 toneladas) semi-esculpidos e semi-enterrados.

E, tantos outros, já de pé mas erodidos incluindo o pitoresco Tukuturi, mais pequeno, com barba e ajoelhado.

Se poucas dúvidas existem quanto à proveniência dos ídolos obscuros, a da civilização que os concebeu e idolatrou não é cientificamente inequívoca.

A Origem e o Destino da Civilização Rapa Nui

Moa Teru Eru, um dos três mil e trezentos rapa nuis sobreviventes da ilha, terá uma opinião mas parece mais preocupado com a continuidade da cultura do seu povo.

Nacionalista e voluntarioso,  tornou-se conhecido pelo amor à causa e surpreende-nos em plena acção propagandista quando fotografamos o moai pensativo e inquisidor de olhos brancos e olhar intrigante do ahu Tahai.

Aparece do nada, pouco trajado à moda dos seus antepassados. Veste um saiote, uma echarpe, pulseiras e uma bandolete que segura o cabelo também aprisionado por um carrapito de nuca volumoso. Todas as vestes e adereços são naturais, feitos de fibras secas de vegetação da ilha.

Como o é a haste portátil da bandeira rapa nui vermelha e branca que faz ondular e brande de forma altiva em direcção ao oceano enquanto profere pequenos discursos cerimoniais no dialecto local.

Moa numa praia de Rapa Nui/Ilha da Páscoa

Moa entra no mar raso da Ilha da Páscoa, de braços abertos, numa pose evocativa do culto rapa nui de tangata manu.

Parece-nos convocar os povos ancestrais para a celebração dos seus feitos. Se o faz, o apelo é abafado pelo vento contrário e pelo bruar das vagas. Perde-se no isolamento e na origem por confirmar da sua civilização quase sumida.

Nos dias que correm, a resposta mais popular para a proveniência do povo rapa nui é a de que teria chegado do arquipélago das Marquesas ou do Gambier por volta do século IV ou V.

Acredita-se que um desses arquipélagos ou até ambos teriam também fornecido os primeiros habitantes do Havai e da Nova Zelândia.

Que os seus habitantes haviam atingido os novos territórios insulares de uma mesma forma: em enormes canoas duplas preparadas para transportar a comida e os animais domésticos necessários à colonização.

Thor Heyerdahl e a Teoria à Margem das Teorias

A hipótese discordante mais famosa foi formulada pelo escritor e aventureiro norueguês Thor Heyerdahl que viajou para o Peru, ali construiu uma balsa rudimentar à vela a que chamou Kon-tiki

E que a tripulou com cinco outros companheiros durante 101 dias, até que a jangada encalhou num recife do grupo Tuamotu, quase 7000 km de oceano Pacífico depois.

Enseada do Pacífico, Ilha Pascoa, Rapa Nui, Chile

Enseada de àguas translúcidas e tranquilas de Rapa Nui, a Ilha da Páscoa

Com base nas escavações que levou a cabo em Aku Aku (área de Rapa Nui), na experiência da expedição marítima e noutras coincidências históricas – por exemplo, a existência de batatas doces na ilha, Heyerdahl defendeu que Rapa Nui fora ocupada por peruanos ancestrais ou que, no pior dos casos, teria contacto com aquele povo.

As várias análises genéticas e anatómicas efectuadas aos indígenas confirmaram uma bem mais provável origem das Gambier ou Marquesas. Além disso, um tripulante que James Cook recrutara em Bora Bora conseguiu comunicar com os indígenas.

Nem seria preciso tanto. Como qualquer visitante que chegue daquelas paragens, nós próprios reconhecemos facilmente iorana (olá), maururu (obrigado), entre outras expressões elementares.

Mesmo assim, em 1999, foi organizada uma viagem com barcos daquelas regiões que navegou de Mangareva (arquipélago Gambier) até Rapa Nui em apenas 19 dias. As evidências sempre predominaram.

Sem surpresa, a Ilha da Páscoa é há muito considerada o vértice sudeste da vasta Polinésia.

Moais Ahu Tongariki, Ilha Pascoa, Rapa Nui, Chile

Secção de Ahu Tongariki, a maior formação de moais de Rapa Nui, ilha da Páscoa

Ainda em Papeete, Carole tinha-nos pedido o favor de levarmos no avião algumas saias típicas taitianas que Ika, um dos amigos rapa nui que fizera numa das suas inúmeras visitas à ilha lhe pedira.

Quando as entregamos, Ika rejubila: “É isto mesmo! muito obrigado! Vamos usá-las nos nossos espectáculos.

Também andamos a ensaiar danças do Taiti e queríamos ter adereços originais. Acabaram de me fazer muito feliz.”

Aquela reacção tornou-se na nossa derradeira prova escusada de que, para lá do ADN, os nativos da Ilha da Páscoa se sentiam polinésios, apesar das sucessivas intrusões e invasões forasteiras da sua terra.

Os Enigmas da Ascensão e da Queda dos Moais e da Civilização Rapa Nui

Em 1700, as embarcações espanholas usavam há muito as passagens austrais do Atlântico para o Pacífico abertas por Fernão de Magalhães e Sir Francis Drake durante o século XVI.

Foi a expedição holandesa de Jacob Roggeveen a primeira a dar com a ínfima Rapa Nui, no Domingo de Páscoa de 1722.

Ali desembarcada, a tripulação achou os indígenas amigáveis.

Espantou-se com a presença dos moais que os nativos esculpiam como caricaturas das suas próprias imagens, com longas orelhas (os nativos usavam peças de madeira nos lóbulos que os distendiam) e que reverenciavam com pequenos fogos e a prostrar-se diante das estátuas.

ahu-tongariki, Ilha Pascoa, Rapa Nui, Chile

Turista asiática posa em frente à formação de moais de Ahu Tongariki, a maior de Rapa Nui, ilha da Páscoa.

Os próximos visitantes foram exploradores espanhóis que, como esperado, deixaram as primeiras marcas do Cristianismo: três cruzes de madeira sobre colinas da zona de Poike.

Quando o inevitável James Cook chegou, em 1744, já não viu essas cruzes.

Em vez, encontrou grande parte da terra por cultivar e sinais de que o derrube intencional das estátuas – a que os nativos chamavam huri moai –  já acontecia há algum tempo, consequência das divisões e conflitos internos.

Rapa Nui. No Ecrã de um Pseudo-Cinema Local da Ilha da Páscoa

Desesperados com o mau tempo, depois de lermos sobre os episódios seguintes da história acabamos por nos render a uma sua versão hollywoodesca.

O hotel anunciava, em cartazes afixados pela capital, a projecção de “Rapa Nui”, a obra cinematográfica do realizador Kevin Reynolds, co-produzida por Kevin Costner, que dá grande destaque ao culto rapa nui do Homem-Pássaro.

Moai, Rano Raraku, Ilha Pascoa, Rapa Nui, Chile

Um moai meio esculpido abandonado na pedreira de Rano Raraku, em tempos usada pelos nativos de Rapa Nui para esculpir as suas figuras mitológicas, da actual Ilha da Páscoa

Mesmo desconfiados, comparecemos na recepção à hora marcada. Uma empregada chilena acolhe-nos com indiferença, pouco surpreendida por sermos os únicos espectadores da pseudo-sessão.

Conduz-nos a uma sala de estar contígua. Ali, liga o aparelho que projecta de imediato o filme, por cima de uma mesa de snooker e contra a parede oposta. Depois despede-se: “Bueno, que lo disfruten! Yo ya lo vi quiñentas vezes”.

Depressa percebemos que os dois Kevins tinham apostado na acção e no romantismo mas que, em nome do lucro, haviam também sacrificado a presumida veracidade de alguns aspectos. Ainda assim, o enredo fantasiado não omitiu o que se pensa ter sido o cerne cataclísmico da questão.

Registos arqueológicos provaram que, à data da chegada dos primeiros habitantes, prosperavam na ilha várias espécies de árvores.

Incluindo aquelas que poderiam ser as maiores palmeiras do mundo de então, as Aphitonia zizyphoides e Elaeocarpus rarotongensis.

Derradeiras palmeiras, Ilha Pascoa, Rapa Nui, Chile

Silhueta de palmeiras da praia de Anakena, alegadamente algumas das poucas poupadas pela civilização Rapa Nui.

A Mais Provável das Hipóteses para o Declínio Rapa Nui

Mas o seu uso na produção desenfreada e transporte dos moais terá provocado uma deflorestação trágica e uma consequente degradação ambiental.

A construção de barcos de pesca eficientes ter-se-á tornado impossível.

E isso levou à extinção abrupta das aves terrestres – crê-se que as galinhas eram a principal fonte de proteínas – e a uma diminuição drástica das marinhas. Jared Diamond, um cientista norte-americano atreveu-se a sugerir que se poderá ter seguido o canibalismo.

Seja ou não tudo isto verdade, algo fez a população passar de quase 15.000 habitantes, no apogeu, para cerca de 2000 aquando da descoberta holandesa da ilha.

Praia de Anakena, Ilha Pascoa, Rapa Nui, Chile

Baia de Anakena, uma das poucas praias de areia branca de Rapa Nui, ilha da Páscoa.

A tecnologia multimilionária empregue elevou o orçamento de “Rapa Nui”, o filme, a 15 milhões de euros.

Revelou-nos a ilha homónima, os cenários em que decorria a prova e os seus momentos mais arrepiantes sob planos e perspectivas a que não podíamos aspirar.

Mas não nos mostrou a paisagem viva. Insatisfeitos, no dia seguinte alugamos um pequeno jipe, galgamos estradas de lama e enormes poças até conquistarmos os cenários surreais da ilha.

A Anexação Quase Incontestada de Rapa Nui pelo Chile

Os víveres e outros recursos essenciais à subsistência foram recentemente supridos pelo potencial ilimitado dos abastecimentos aéreos do Chile que inaugurou o seu jugo colonial, em 1888, depois de subtrair outros territórios ao Peru e à Bolívia num ímpeto expansionista eufórico.

Ainda assim, não conseguíamos evitar alguma apreensão perante os preços hiper-inflacionados pela insularidade recordista. Afinal, estávamos a viajar há nove meses.

À imagem das florestas milenares da Ilha da Páscoa, as nossas frágeis contas bancárias sofriam abates desesperantes.

Chiquillos, los de Lan Chile no nos traen nada hace algun tiempo! Que bueno que los gringos han preparado la pista para recibir el space shuttle de emergencia” brinca Dona Teresa, a proprietária da pousada Cabañas Vaianny quando nos vê repetir o almoço enlatado pela terceira vez”.

Empanadas e outros, Ilha Pascoa, Rapa Nui, Chile

Empregadas chilenas de uma roulote que vende empanadas e outros petiscos chilenos.

A Vida Rotineira de Hanga Roa, a Capital de Rapa Nui e da Ilha da Páscoa

Como Pau e Amparo, a sua família começou por sofrer com o abandono do continente. Mas o tempo passa.

Às vezes, sara.

Até num espaço diminuto como o de Hanga Roa cabem rotinas recompensadoras: “De mañana, para dejar mi nieta en la escuela, solo tengo que cruzar la calle. Después, llevo casi toda mi vida aquí cerquita”.

Mesmo de péssima qualidade e sempre “chuvosas” as novelas chilenas e restante programação lamentável da TV parecem disfarçar um vazio que nem nos atrevemos a garantir que exista.

Por outro lado, os quartos sem janelas e bafientos do seu lar de aluguer, podem não ambicionam o nível de sofisticação do pretensioso hotel Explora, a quase 6km, mas sustentam o seu clã desterrado.

Lógicas semelhantes justificam que a população chilena já perfaça 40% dos 5000 actuais habitantes da ilha. A maior parte dos colonos até se uniu com parceiros rapa nuis. Isso não impede protestos contra o frequente desrespeito do governo de Santiago pelos direitos indígenas.

É que, malgrado as usurpações culturais e de terras, só foi concedida cidadania chilena aos Rapa Nui, em 1966.

Moa garante-nos que prefere a sua estratégia. Termina a sua cerimónia no ahu Tahai. Logo após, percebe que somos jornalistas portugueses.

Faz questão que o acompanhemos de táxi até Anakena, o lugar em que tinha pensado promover a sabedoria e os valores rapa nui.

Manada, Ilha Pascoa, Rapa Nui, Chile

Cavalos pastam num prado viçoso de Rapa Nui, ilha da Páscoa

O caminho atravessa prados verdejantes em que pastam manadas longínquas de cavalos e termina à vista de pequenos palmeirais.

Quando chegamos, a praia está repleta de veraneantes chilenos e estrangeiros.

Moa anuncia-se com o vento de feição. Perdemo-lo, num ápice, para uma multidão curiosa de mulheres e crianças a quem se dedica a explicar técnicas ancestrais Polinésias de emprego das fibras de coco.

Moa teru eru, Ilha Pascoa, Rapa Nui, Chile

Moa Teru Eru descasca cocos para uma turista chilena.

Precisamos de recuperar energias. Nem de propósito, detectamos várias roulotes-bar no lado oposto da baía e mudamo-nos para uma das suas esplanadas mal amanhadas.

A tarde vai a meio e a oferta já é escassa. À falta de especialidades rapa nui, rendemo-nos à solidez colonial das empanadas.

O Ahu Ature Huki, reerguido por Thor Heyerdahl com a ajuda dos ilhéus, dista apenas algumas dezenas de metros.

Ahu Ature Huki, Ilha Pascoa, Rapa Nui, Chile

Silhueta dos moais rapa nui Ahu Ature Huki, re-erguidos pelo explorador norueguês Thor Heyerdahl.

E enquanto devoramos os pastéis sul-americanos não conseguimos evitar a sensação de que também aqueles moais nos observam.

Tonga, Samoa Ocidental, Polinésia

Pacífico XXL

Durante séculos, os nativos das ilhas polinésias subsistiram da terra e do mar. Até que a intrusão das potências coloniais e a posterior introdução de peças de carne gordas, da fast-food e das bebidas açucaradas geraram uma praga de diabetes e de obesidade. Hoje, enquanto boa parte do PIB nacional de Tonga, de Samoa Ocidental e vizinhas é desperdiçado nesses “venenos ocidentais”, os pescadores mal conseguem vender o seu peixe.
Ilha da Páscoa, Chile

A Descolagem e a Queda do Culto do Homem-Pássaro

Até ao século XVI, os nativos da Ilha da Páscoa esculpiram e idolatraram enormes deuses de pedra. De um momento para o outro, começaram a derrubar os seus moais. Sucedeu-se a veneração de tangatu manu, um líder meio humano meio sagrado, decretado após uma competição dramática pela conquista de um ovo.
Bora-Bora, Raiatea, Huahine, Polinésia Francesa

Um Trio Intrigante de Sociedades

No coração idílico do vasto oceano Pacífico, o Arquipélago da Sociedade, parte da Polinésia Francesa, embeleza o planeta como uma criação quase perfeita da Natureza. Exploramo-lo durante um bom tempo a partir do Taiti. Os últimos dias, dedicamo-los a Bora Bora, Huahine e Raiatea.
El Tatio, Chile

Géiseres El Tatio - Entre o Gelo e o Calor do Atacama

Envolto de vulcões supremos, o campo geotermal de El Tatio, no Deserto de Atacama surge como uma miragem dantesca de enxofre e vapor a uns gélidos 4200 m de altitude. Os seus géiseres e fumarolas atraem hordas de viajantes.
Moorea, Polinésia Francesa

A Irmã Polinésia que Qualquer Ilha Gostaria de Ter

A meros 17km de Taiti, Moorea não conta com uma única cidade e abriga um décimo dos habitantes. Há muito que os taitianos veem o sol pôr-se e transformar a ilha ao lado numa silhueta enevoada para, horas depois, lhe devolver as cores e formas exuberantes. Para quem visita estas paragens longínquas do Pacífico, conhecer também Moorea é um privilégio a dobrar.
Taiti, Polinésia Francesa

Taiti Para lá do Clichê

As vizinhas Bora Bora e Maupiti têm cenários superiores mas o Taiti é há muito conotado com paraíso e há mais vida na maior e mais populosa ilha da Polinésia Francesa, o seu milenar coração cultural.
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De Luxor a Tebas: viagem ao Antigo Egipto

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Viagem pelo Caminho da Maoridade

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Uma Sociedade à Margem

À sombra da fama quase planetária da vizinha Bora Bora, Maupiti é remota, pouco habitada e ainda menos desenvolvida. Os seus habitantes sentem-se abandonados mas quem a visita agradece o abandono.
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O Mundo em Cena

Um pouco por todo o Mundo, cada nação, região ou povoação e até bairro tem a sua cultura. Em viagem, nada é mais recompensador do que admirar, ao vivo e in loco, o que as torna únicas.
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A Cidade Perdida em Mistério dos Incas

Ao deambularmos por Machu Picchu, encontramos sentido nas explicações mais aceites para a sua fundação e abandono. Mas, sempre que o complexo é encerrado, as ruínas ficam entregues aos seus enigmas.
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Herdeiros da cultura ancestral da Polinésia, os mahu preservam um papel incomum na sociedade. Perdidos algures entre os dois géneros, estes homens-mulher continuam a lutar pelo sentido das suas vidas.
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Valência a Xàtiva, Espanha

Do outro Lado da Ibéria

Deixada de lado a modernidade de Valência, exploramos os cenários naturais e históricos que a "comunidad" partilha com o Mediterrâneo. Quanto mais viajamos mais nos seduz a sua vida garrida.

Cacau, Chocolate, Sao Tome Principe, roça Água Izé
Comida
São Tomé e Príncipe

Roças de Cacau, Corallo e a Fábrica de Chocolate

No início do séc. XX, São Tomé e Príncipe geravam mais cacau que qualquer outro território. Graças à dedicação de alguns empreendedores, a produção subsiste e as duas ilhas sabem ao melhor chocolate.
Camponesa, Majuli, Assam, India
Cultura
Majuli, Índia

Uma Ilha em Contagem Decrescente

Majuli é a maior ilha fluvial da Índia e seria ainda uma das maiores à face da Terra não fosse a erosão do rio Bramaputra que há séculos a faz diminuir. Se, como se teme, ficar submersa dentro de vinte anos, mais que uma ilha, desaparecerá um reduto cultural e paisagístico realmente místico do Subcontinente.
Bungee jumping, Queenstown, Nova Zelândia
Desporto
Queenstown, Nova Zelândia

Queenstown, a Rainha dos Desportos Radicais

No séc. XVIII, o governo kiwi proclamou uma vila mineira da ilha do Sul "fit for a Queen". Hoje, os cenários e as actividades radicais reforçam o estatuto majestoso da sempre desafiante Queenstown.
Erika Mae
Em Viagem
Filipinas

Os Donos da Estrada Filipina

Com o fim da 2ª Guerra Mundial, os filipinos transformaram milhares de jipes norte-americanos abandonados e criaram o sistema de transporte nacional. Hoje, os exuberantes jeepneys estão para as curvas.
Músicos de etnia karanga jnunto às ruínas de Grande Zimbabwe, Zimbabwe
Étnico
Grande ZimbabuéZimbabué

Grande Zimbabwe, Pequena Dança Bira

Nativos de etnia Karanga da aldeia KwaNemamwa exibem as danças tradicionais Bira aos visitantes privilegiados das ruínas do Grande Zimbabwe. o lugar mais emblemático do Zimbabwe, aquele que, decretada a independência da Rodésia colonial, inspirou o nome da nova e problemática nação.  
tunel de gelo, rota ouro negro, Valdez, Alasca, EUA
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Portfólio Got2Globe

Sensações vs Impressões

hacienda mucuyche, Iucatão, México, canal
História
Iucatão, México

Entre Haciendas e Cenotes, pela História do Iucatão

Em redor da capital Mérida, para cada velha hacienda henequenera colonial há pelo menos um cenote. Com frequência, coexistem e, como aconteceu com a semi-recuperada Hacienda Mucuyché, em duo, resultam nalguns dos lugares mais sublimes do sudeste mexicano.

Zanzibar, ilhas africanas, especiarias, Tanzania, dhow
Ilhas
Zanzibar, Tanzânia

As Ilhas Africanas das Especiarias

Vasco da Gama abriu o Índico ao império luso. No século XVIII, o arquipélago de Zanzibar tornou-se o maior produtor de cravinho e as especiarias disponíveis diversificaram-se, tal como os povos que as disputaram.
Era Susi rebocado por cão, Oulanka, Finlandia
Inverno Branco
PN Oulanka, Finlândia

Um Lobo Pouco Solitário

Jukka “Era-Susi” Nordman criou uma das maiores matilhas de cães de trenó do mundo. Tornou-se numa das personagens mais emblemáticas da Finlândia mas continua fiel ao seu cognome: Wilderness Wolf.
Recompensa Kukenam
Literatura
Monte Roraima, Venezuela

Viagem No Tempo ao Mundo Perdido do Monte Roraima

Perduram no cimo do Monte Roraima cenários extraterrestres que resistiram a milhões de anos de erosão. Conan Doyle criou, em "O Mundo Perdido", uma ficção inspirada no lugar mas nunca o chegou a pisar.
Transpantaneira pantanal do Mato Grosso, capivara
Natureza
Pantanal do Mato Grosso, Brasil

Transpantaneira, Pantanal e Confins do Mato Grosso

Partimos do coração sul-americano de Cuiabá para sudoeste e na direcção da Bolívia. A determinada altura, a asfaltada MT060 passa sob um portal pitoresco e a Transpantaneira. Num ápice, o estado brasileiro de Mato Grosso alaga-se. Torna-se um Pantanal descomunal.
Menina brinca com folhas na margem do Grande Lago do Palácio de Catarina
Outono
São Petersburgo, Rússia

Dias Dourados que Antecederam a Tempestade

À margem dos acontecimentos políticos e bélicos precipitados pela Rússia, de meio de Setembro em diante, o Outono toma conta do país. Em anos anteriores, de visita a São Petersburgo, testemunhamos como a capital cultural e do Norte se reveste de um amarelo-laranja resplandecente. Num deslumbre pouco condizente com o negrume político e bélico entretanto disseminado.
Parques Naturais
Nelson a Wharariki, PN Abel Tasman, Nova Zelândia

O Litoral Maori em que os Europeus Deram à Costa

Abel Janszoon Tasman explorava mais da recém-mapeada e mítica "Terra Australis" quando um equívoco azedou o contacto com nativos de uma ilha desconhecida. O episódio inaugurou a história colonial da Nova Zelândia. Hoje, tanto a costa divinal em que o episódio se sucedeu como os mares em redor evocam o navegador holandês.
Maksim, povo Sami, Inari, Finlandia-2
Património Mundial UNESCO
Inari, Finlândia

Os Guardiães da Europa Boreal

Há muito discriminado pelos colonos escandinavos, finlandeses e russos, o povo Sami recupera a sua autonomia e orgulha-se da sua nacionalidade.
Vista do topo do Monte Vaea e do tumulo, vila vailima, Robert Louis Stevenson, Upolu, Samoa
Personagens
Upolu, Samoa

A Ilha do Tesouro de Stevenson

Aos 30 anos, o escritor escocês começou a procurar um lugar que o salvasse do seu corpo amaldiçoado. Em Upolu e nos samoanos, encontrou um refúgio acolhedor a que entregou a sua vida de alma e coração.
Salvamento de banhista em Boucan Canot, ilha da Reunião
Praias
Reunião

O Melodrama Balnear da Reunião

Nem todos os litorais tropicais são retiros prazerosos e revigorantes. Batido por rebentação violenta, minado de correntes traiçoeiras e, pior, palco dos ataques de tubarões mais frequentes à face da Terra, o da ilha da Reunião falha em conceder aos seus banhistas a paz e o deleite que dele anseiam.
cavaleiros do divino, fe no divino espirito santo, Pirenopolis, Brasil
Religião
Pirenópolis, Brasil

Cavalgada de Fé

Introduzida, em 1819, por padres portugueses, a Festa do Divino Espírito Santo de Pirenópolis agrega uma complexa rede de celebrações religiosas e pagãs. Dura mais de 20 dias, passados, em grande parte, sobre a sela.
Sobre Carris
Sobre Carris

Viagens de Comboio: O Melhor do Mundo Sobre Carris

Nenhuma forma de viajar é tão repetitiva e enriquecedora como seguir sobre carris. Suba a bordo destas carruagens e composições díspares e aprecie os melhores cenários do Mundo sobre Carris.
Singapura, ilha Sucesso e Monotonia
Sociedade
Singapura

A Ilha do Sucesso e da Monotonia

Habituada a planear e a vencer, Singapura seduz e recruta gente ambiciosa de todo o mundo. Ao mesmo tempo, parece aborrecer de morte alguns dos seus habitantes mais criativos.
Amaragem, Vida à Moda Alasca, Talkeetna
Vida Quotidiana
Talkeetna, Alasca

A Vida à Moda do Alasca de Talkeetna

Em tempos um mero entreposto mineiro, Talkeetna rejuvenesceu, em 1950, para servir os alpinistas do Monte McKinley. A povoação é, de longe, a mais alternativa e cativante entre Anchorage e Fairbanks.
PN Tortuguero, Costa Rica, barco público
Vida Selvagem
PN Tortuguero, Costa Rica

A Costa Rica e Alagada de Tortuguero

O Mar das Caraíbas e as bacias de diversos rios banham o nordeste da nação tica, uma das zonas mais chuvosas e rica em fauna e flora da América Central. Assim baptizado por as tartarugas verdes nidificarem nos seus areais negros, Tortuguero estende-se, daí para o interior, por 312 km2 de deslumbrante selva aquática.
The Sounds, Fiordland National Park, Nova Zelândia
Voos Panorâmicos
Fiordland, Nova Zelândia

Os Fiordes dos Antipodas

Um capricho geológico fez da região de Fiordland a mais crua e imponente da Nova Zelândia. Ano após anos, muitos milhares de visitantes veneram o sub-domínio retalhado entre Te Anau e Milford Sound.