Uplistsikhe e Gori, Geórgia

Do Berço da Geórgia à Infância de Estaline


A Guardiã do Ditador
Funcionária do museu de Estaline sentada junto a retrato do ditador em trajes militares.
Com vista fluvial
Uplistsikhe, do lado de lá do rio Mtkvar, entre margens amareladas pela vegetação outonal.
Museu Ferroviário de Estaline
A carruagem usada pelo ditador soviético nas suas deslocações. Estaline tinha um um receio paranóico de voar.
“Sala de Trofeus”
Visitantes examinam a sala de presentes oferecidos a Estaline.
Um Templo pós-pagão
A basílica de três naves de Uplistsikhe, erguida no século IX, sobre o povoado troglodita pré-cristão.
Estaline de Pedra
Busto de Estaline em destaque no centro de uma das salas do museu que lhe foi dedicado em Gori, sua terra natal.
Uplistsikhe debaixo de terra
Visitantes de Uplistsikhe percorrem uma das passagens subterrâneas que serviam a povoação troglodita.
Um certo cansaço histórico
Visitante dormita sob uma pintura de Estaline, à entrada do museu dedicado ao ditador, em Gori.
Comunicações Daltónicas
O telefone vermelho de Estaline, que era tudo menos vermelho.
Super Estaline
Cliente deixa o supermercado Nemiroff, situado junto ao museu de Estaline, em Gori, e decorado com uma imagem militar do ditador.
Adeus Estaline
Uma pintura fúnebre de Estaline.
Cidade de Pedra
Abrigos improvisados na rocha do povoado troglodita de Uplistsikhe.
À descoberta do Cáucaso, exploramos Uplistsikhe, uma cidade troglodita antecessora da Geórgia. E a apenas 10km, em Gori, damos com o lugar da infância conturbada de Joseb Jughashvili, que se tornaria o mais famoso e tirano dos líderes soviéticos.

Quando pensamos que temos a geografia e a história da Europa bem assente, Tamo Giorgadze obriga-nos a recuperamos das profundezas da memória um reino da Ibéria caucasiano de outros tempos.

E a rendemo-nos à infinitude do conhecimento.

“Foi como os gregos e os romanos chamaram a esta região que nos deu origem, aos georgianos do leste.” A etimologia nada tem que ver com a da nossa Ibéria. Também a daquelas paragens é tema de várias teorias e argumentações. De qualquer maneira, como acontece com todos, o reino durou o que durou.

“Nós nem sequer nos chamamos Geórgia, isso é para vocês” sublinha Tamo enquanto avançamos pela paisagem campestre entre Mtskheta e Gori.

Para nós, a Geórgia é Sakartvelo, de outro dos nomes contemporâneos da região da Iberia, Kartli. Foram os gregos que começaram a chamar a estas partes Geórgia (do helénico georgicus: agrícola) pela aptidão com que as gentes daqui cultivavam as terras. À imagem de inúmeros termos gregos de então, esse, popularizou-se na maior parte da Europa”.

Seguimos por uma auto-estrada ao longo de um vale amplo, com vista para as fronteiras da recém-rebelada Ossétia do Sul. Ainda é cedo quando desviamos para Gori.

Junto à confluência dos rios Kur Sayi e Liakvhi, a cidade mantém-se sumida numa névoa densa. Insatisfeitos com os seus contornos difusos, decidimos passar antes por Uplistsikhe esperançados numa meteorologia mais favorável para aqueles lados.

Seguimos por um caminho surreal perdido entre florestas ensopadas, aldeolas ribeirinhas e arrabaldes ferroviários ex-soviéticos em plena simbiose com os restantes ambientes. Numa dessas povoações rurais e marginais, idosos com faces rudes entregam-se a conversas demoradas, agasalhados para todas as intempéries.

O Caminho Outonal para Uplistsikhe

Ovelhas e cabras ao deus-dará partilham a estrada com BMWs e Audis importados da Alemanha e mais que usados, troféus de uma emigração esforçada e já quase incontornável entre os jovens georgianos pouco letrados.

Cruzamos um outro rio, o Mtkvari, por uma ponte de ferro rasa sobre uma planície de aluvião vasta. Percebemos então que tínhamos ganho a aposta meteorológica.

Sob a acção do vento e dos raios solares, as nuvens e os retalhos de nevoeiro cedem a um céu que se azula a olhos vistos.

Uplistsikhe, Geórgia

Uplistsikhe, do lado de lá do rio Mtkvar, entre margens amareladas pela vegetação outonal.

Quando chegamos à entrada do complexo de Uplistsikhe, a luz suave parece incendiar as árvores amareladas em redor. A nós, prenda-nos com deliciosos afagos.

Na margem esquerda do Mtkvari, eleva-se uma encosta rochosa e nua. Ascendemo-la por escadas de madeira e trilhos estreitos até que vislumbramos, ao longe, o edifício mais destacado e emblemático da povoação, uma basílica com três naves.

Basílica de Uplistsikhe, Georgia

A basílica de três naves de Uplistsikhe, erguida no século IX, sobre o povoado troglodita pré-cristão.

Aproximamo-nos e Tamo resgata-nos da dispersão fotográfica em que quase sempre nos perdemos em lugares novos.

A Génese Troglodita da Geórgia

Explica-nos que foi erguida no cimo de um fascinante complexo troglodita, com estruturas habitadas e usadas do final da Idade do Bronze aos fins da Idade Média, por culturas da zona da Anatólia e da Pérsia, pagãs e cristãs.

Uplistsikhe, Georgia

Abrigos improvisados na rocha do povoado troglodita de Uplistsikhe.

“Cheguem aqui” pede-nos Tamo. “Estão a ver estes pequenos canais esculpidos no solo? Quando vos dizemos que a Geórgia é o berço vinícola do mundo é para levarem a sério. Vejam lá isto! Uplistsikhe esteve no auge nos séculos 9 a 11 d.C. Antes disso, já aqui faziam vinho”.

Além do lagar talhado na rocha, a povoação de quase oito hectares estava dotada de habitações e espaços comunais e cerimoniais ligados por trilhos e escadarias derivados de uma pequena avenida central.

Subimos ao topo dos penhascos, ainda mais alto que a basílica.

Dali, contemplamos o serpentear vagaroso e lamacento do Mtkvari, colorido por arbustos amarelados ou verdes e, sobre uma encosta relvada, a estranha visão de muralhas em ruínas e de uma quinta abarracada contígua, ainda operacional mas que aparentava para sempre perdida no tempo.

Túnel de Uplistsikhe, Georgia

Visitantes de Uplistsikhe percorrem uma das passagens subterrâneas que serviam a povoação troglodita.

Entretanto, abandonámos Uplistsikhe. Tamo fez questão que o fizéssemos por um túnel “secreto” que nos conduziu de volta à entrada do complexo por profundezas rochosas e tenebrosas do Cáucaso.

Gori e o Seu Polémico Filho Joseb Stalin

À saída, o dia revelou-se radiante. Impunha-se que regressássemos a Gori para verificarmos se também por lá a neblina havia levantado, o que se confirmou.

Para os georgianos, Gori é sinónimo de um homem. Nasceu na cidade com o nome de Joseb Jughashvili, filho de um sapateiro e de uma empregada doméstica. Enquanto criança e adolescente, Joseb padeceu de vários males e traumas.

Teve dois dedos do pé esquerdo unidos, a face repleta de cicatrizes devido a varíola e o braço esquerdo mais curto e rígido que o direito por causa de um acidente com uma charrete.

O seu pai, Besarion, tornou-se alcoólico e violento para com a pequena família e não tardou a perder o negócio modesto que mantinha. Ketevan Geladze – a mãe de Joseb – entregou o filho a um mosteiro ortodoxo.

Quando o marido descobriu, enlouqueceu, e atacou o chefe da polícia de Gori. Acabou banido da cidade, onde abandonou a mulher e o descendente.

Por essa altura, ninguém apostaria um rublo que fosse em Joseb.  O percurso do rapaz veio a surpreender tudo e todos ao revelar-se um líder revolucionário determinado e maquiavélico.

A Inexorável Ascensão no Partido Comunista Soviético

Quando Vladimir Ilitch Lénine formou a facção Bolchevique do Partido Marxista Trabalhista, Joseb alistou-se. Pouco depois, adoptou o nome de Joseph Stalin nos seus escritos. Provou-se eficiente em quase todo o tipo de funções intelectuais e práticas, desde escrever e distribuir propaganda a angariar fundos através de extorsões, roubos e assassínios.

Busto de Estaline, Museu de Estaline, Gori, Geórgia

Busto de Estaline em destaque no centro de uma das salas do museu que lhe foi dedicado em Gori, sua terra natal.

Após a Guerra Civil Russa de 1917-19 e vários confrontos ideológicos com o rival Leon Trostky, Estaline obteve o apoio do cada vez mais enfraquecido Lenine para a nomeação de Secretário Geral do Partido Comunista da União Soviética. Não tardou a conquistar um poder quase absoluto.

Nos primeiros momentos, contra a vontade do próprio Lenine com quem, entretanto, também entrou em ruptura. Esse poder vigorou de 1922 a 1952. Como é hoje sabido, Estaline exerceu-o de forma tão cruel que causou a morte de milhões de compatriotas de várias repúblicas da U.R.S.S., e de tantas outras vítimas de outras pátrias durante conflitos militares imperialistas e expansionistas.

Já tínhamos estado em diversos lugares ex-soviéticos em que aquela personagem sofrida e, não tardaria, carismática, manipuladora e déspota deixara rasto. Na sua Gori natal, tínhamos como plano compreendê-lo um pouco melhor.

Pintura fúnebre de Estaline, Museu de Estaline, Gori, Geórgia

Uma pintura fúnebre de Estaline.

O coração da cidade ainda é de Estaline apesar da campanha do Kremlin de 1960 para o banir da memória, dos bombardeamentos russos de 2008 durante a guerra Russo-Georgiana e agravamento da inimizade da nova Geórgia face aos poderosos vizinhos do norte.

Entre o Saudosismo Soviético e o Ódio Georgiano do Agressor Russo

Apenas em 2010 – 58 anos após a inauguração – o presidente pró-Ocidental georgiano Mikheil Saaskashvili ditou a remoção do meio da Praça Estaline da estátua que há tanto tempo homenageava o tirano soviético. Saaskashvili proclamou então: “um memorial a Estaline não tem lugar na Geórgia do século XXI”.

Outro político do seu governo acrescentou que os pedidos nesse sentido tinham aumentado exponencialmente desde o início da agressão militar russa à Geórgia. Uma agressão despoletada pelo apoio do Kremlin às pretensões de secessão dos territórios da Ossétia do Sul e da Abkhazia.

Ambos com as suas próprias maiorias étnicas ossetas e abkhazes pró-russas mas muitos milhares de habitantes russos e substancialmente ainda mais georgianos – face à recém-independentizada Geórgia.

Mesmo assim, quando percorremos o cerne de Gori, deparamo-nos com uma enorme avenida, praça, um museu tripartido composto por um palácio em estilo gótico estalinista, pela casa de Gori da família Jughashvili, pela carruagem ferroviária particular Estaline que usava para viajar para todo o lado por ter um receio paranoico de atentados contra si em pleno ar e por isso, se recusar a voar.

Carruagem de Estaline, Museu Ferroviário de Estaline, Gori, Georgia

A carruagem usada pelo ditador soviético nas suas deslocações. Estaline tinha um um receio paranóico de voar.

Destas, o palácio concentra a grande parte dos elementos. É por lá que começamos e podíamos examinar o seu interior durante meses a fio tal é a panóplia de mapas, pinturas, esculturas, mobília e objectos.

Incluindo o famoso telefone vermelho (que não era obviamente vermelho) e outros que alegadamente lhe pertenceram, muitos deles ofertas curiosas feitas por chefes de estado e instituições dos quatro cantos do mundo.

Museu de Estaline, Gori, Georgia

Visitantes examinam a sala de presentes oferecidos a Estaline.

Este património surge organizado numa ordem cronológica aproximada. É guardado por senhoras georgianas de visuais a condizer com a herança soviética e enfadadas pela monotonia das suas longas clausuras naquele passado caduco.

Subimos a escadaria de mármore a partir do piso térreo e entramos na segunda das salas. Uma das guias residentes narra episódios da vida de Estaline em russo, a uma das famílias russas que, malgrado o conflito de Agosto 2008, se sentem uma vez mais confortáveis de visita à Geórgia.

Guardiã, Museu Estaline, Gori, Georgia

Funcionária do museu de Estaline sentada junto a retrato do ditador em trajes militares.

Mais à frente, o sol entra fulminante pelos vitrais coloridos de uma janela. Ilumina o cabelo ruivo e a pele alva de uma outra guardiã do museu, trajada de casaco de peles e botas de cano alto.

Sentada sobre uma cadeira de feltro, esta derradeira funcionária da ala faz companhia ao ditador, ali retratado num fato militar feijão-verde e refastelado no seu próprio cadeirão de madeira.

Logo ao lado, numa sala bem mais lúgubre, Estaline surge só, exposto num antro lutuoso, composto pelas suas máscaras de morte, pinturas e esculturas fúnebres, entre outros.

Pouco depois do ataque russo à Geórgia do Verão de 2008 que fez várias vítimas em Gori, o ministro da Cultura anunciou que aquele mesmo museu que então explorávamos seria reconvertido no Museu da Agressão Russa.

Alguns anos mais tarde, foi colocada uma faixa à porta que proclamava: “este museu é um exemplo típico de propaganda Soviética. Procura legitimar o regime mais sanguinário da história”.

Nos últimos dias de 2012, a assembleia municipal de Gori boicotou qualquer alteração ao nome. Algum respeito pelo filho notório da cidade parece ser ainda sentido pelo menos pelos mais velhos.

O Legado Prolífico do Conterrâneo Estaline

Sejam quais forem as culpas que arca, Estaline preserva o seu lugar em Gori incluindo num dos maiores supermercados da cidade, em que uma sua imagem sovietizada surge em destaque logo acima da porta de entrada e em inúmeros souvenirs à venda no interior.

Supermercado Nemiroff, Gori, Geórgia

Cliente deixa o supermercado Nemiroff, situado junto ao museu de Estaline, em Gori, e decorado com uma imagem militar do ditador.

Durante os dias que com ela passámos na Geórgia, a própria Tamo acabou por nos desabafar sentimentos contraditórios na sua família quanto aos tempos soviéticos, fossem ou não os de Estaline. “Os meus pais e as pessoas da idade deles têm saudosismo da U.R.S.S.

E, acreditem ou não, muitos deles, respeitam o Estaline. Nessa altura, havia sempre trabalho e era tudo comunal. Não havia era em que gastar. Quando nos chegavam caramelos e rebuçados da Turquia era como se fosse Natal. Era tão raro! Depois, veio a independência.

A Geórgia entrou num completo caos. Os meus pais não tinham trabalho. Não havia luz nem aquecimento. Entretanto, mudou o presidente, tivemos apoio da União Europeia e tudo melhorou, até que em 2008, a Rússia entrou em cena e nos voltou a amaldiçoar as vidas. A Geórgia é um pequeno país que há muito todos os vizinhos querem controlar, principalmente os Russos, claro.”

Malgrado, os óbvios progressos da sua pátria, o que nos conta não nos espanta. Por breves momentos, tentamos comparar a velha realidade vermelha com aquela que se seguiu e percebemos que a estabilidade e a suficiência gerem mais nostalgia que uma liberdade crua desamparada.

Sem que fosse óbvia a associação, a mim – Marco C. Pereira – em particular, veio-me, de imediato, à mente a esfrega ideológica a que o meu falecido avô materno – que era um comunista orgulhoso – me submeteu tinha eu aí uns 16 anos, durante um malogrado jogo de futebol U.R.S.S. – Portugal.

Os soviéticos golearam-nos por 5-0. Por volta do quarto golo, só lhe faltava um megafone para me encher mais os ouvidos: “Vês? Aprende que aquilo é que é um país a sério.”

Erevan, Arménia

Uma Capital entre o Leste e o Ocidente

Herdeira da civilização soviética, alinhada com a grande Rússia, a Arménia deixa-se seduzir pelos modos mais democráticos e sofisticados da Europa Ocidental. Nos últimos tempos, os dois mundos têm colidido nas ruas da sua capital. Da disputa popular e política, Erevan ditará o novo rumo da nação.
Kazbegi, Geórgia

Deus nas Alturas do Cáucaso

No século XIV, religiosos ortodoxos inspiraram-se numa ermida que um monge havia erguido a 4000 m de altitude e empoleiraram uma igreja entre o cume do Monte Kazbek (5047m) e a povoação no sopé. Cada vez mais visitantes acorrem a estas paragens místicas na iminência da Rússia. Como eles, para lá chegarmos, submetemo-nos aos caprichos da temerária Estrada Militar da Geórgia.
Tbilisi, Geórgia

Geórgia ainda com Perfume a Revolução das Rosas

Em 2003, uma sublevação político-popular fez a esfera de poder na Geórgia inclinar-se do Leste para Ocidente. De então para cá, a capital Tbilisi não renegou nem os seus séculos de história também soviética, nem o pressuposto revolucionário de se integrar na Europa. Quando a visitamos, deslumbramo-nos com a fascinante mixagem das suas passadas vidas.
Alaverdi, Arménia

Um Teleférico Chamado Ensejo

O cimo da garganta do rio Debed esconde os mosteiros arménios de Sanahin e Haghpat e blocos de apartamentos soviéticos em socalcos. O seu fundo abriga a mina e fundição de cobre que sustenta a cidade. A ligar estes dois mundos, está uma cabine suspensa providencial em que as gentes de Alaverdi contam viajar na companhia de Deus.
Sheki, Azerbaijão

Outono no Cáucaso

Perdida entre as montanhas nevadas que separam a Europa da Ásia, Sheki é uma das povoações mais emblemáticas do Azerbaijão. A sua história em grande parte sedosa inclui períodos de grande aspereza. Quando a visitámos, tons pastéis de Outono davam mais cor a uma peculiar vida pós-soviética e muçulmana.
São Petersburgo, Rússia

A Rússia Vai Contra a Maré. Siga a Marinha

A Rússia dedica o último Domingo de Julho às suas forças navais. Nesse dia, uma multidão visita grandes embarcações ancoradas no rio Neva enquanto marinheiros afogados em álcool se apoderam da cidade.
Ilhas Solovetsky, Rússia

A Ilha-Mãe do Arquipélago Gulag

Acolheu um dos domínios religiosos ortodoxos mais poderosos da Rússia mas Lenine e Estaline transformaram-na num gulag. Com a queda da URSS, Solovestky recupera a paz e a sua espiritualidade.
Mar de Aral, Uzbequistão

O Lago que o Algodão Absorveu

Em 1960, o Mar de Aral era um dos quatro maiores lagos do mundo mas projectos de irrigação secaram grande parte da água e do modo de vida dos pescadores. Em troca, a URSS inundou o Uzbequistão com ouro branco vegetal.
Mtskheta, Geórgia

A Cidade Santa da Geórgia

Se Tbilissi é a capital contemporânea, Mtskheta foi a cidade que oficializou o Cristianismo no reino da Ibéria predecessor da Geórgia, e uma das que difundiu a religião pelo Cáucaso. Quem a visita, constata como, decorridos quase dois milénios, é o Cristianismo que lá rege a vida.
Moradores percorrem o trilho que sulca plantações acima da UP4
Cidade
Gurué, Moçambique, Parte 1

Pelas Terras Moçambicanas do Chá

Os portugueses fundaram Gurué, no século XIX e, a partir de 1930, inundaram de camelia sinensis os sopés dos montes Namuli. Mais tarde, renomearam-na Vila Junqueiro, em honra do seu principal impulsionador. Com a independência de Moçambique e a guerra civil, a povoação regrediu. Continua a destacar-se pela imponência verdejante das suas montanhas e cenários teáceos.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
hipopotamos, parque nacional chobe, botswana
Safari
PN Chobe, Botswana

Chobe: um rio na Fronteira da Vida com a Morte

O Chobe marca a divisão entre o Botswana e três dos países vizinhos, a Zâmbia, o Zimbabwé e a Namíbia. Mas o seu leito caprichoso tem uma função bem mais crucial que esta delimitação política.
Thorong Pedi a High Camp, circuito Annapurna, Nepal, caminhante solitário
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 12º - Thorong Phedi a High Camp

O Prelúdio da Travessia Suprema

Este trecho do Circuito Annapurna só dista 1km mas, em menos de duas horas, leva dos 4450m aos 4850m e à entrada do grande desfiladeiro. Dormir no High Camp é uma prova de resistência ao Mal de Montanha que nem todos passam.
Competição do Alaskan Lumberjack Show, Ketchikan, Alasca, EUA
Arquitectura & Design
Ketchikan, Alasca

Aqui Começa o Alasca

A realidade passa despercebida a boa parte do mundo, mas existem dois Alascas. Em termos urbanos, o estado é inaugurado no sul do seu oculto cabo de frigideira, uma faixa de terra separada dos restantes E.U.A. pelo litoral oeste do Canadá. Ketchikan, é a mais meridional das cidades alasquenses, a sua Capital da Chuva e a Capital Mundial do Salmão.
Salto Angel, Rio que cai do ceu, Angel Falls, PN Canaima, Venezuela
Aventura
PN Canaima, Venezuela

Kerepakupai, Salto Angel: O Rio Que Cai do Céu

Em 1937, Jimmy Angel aterrou uma avioneta sobre uma meseta perdida na selva venezuelana. O aventureiro americano não encontrou ouro mas conquistou o baptismo da queda d'água mais longa à face da Terra
Cerimónias e Festividades
Militares

Defensores das Suas Pátrias

Mesmo em tempos de paz, detectamos militares por todo o lado. A postos, nas cidades, cumprem missões rotineiras que requerem rigor e paciência.
Ribeira Grande, Santo Antão
Cidades
Ribeira Grande, Santo AntãoCabo Verde

Santo Antão, Ribeira Grande Acima

Na origem, uma Povoação diminuta, a Ribeira Grande seguiu o curso da sua história. Passou a vila, mais tarde, a cidade. Tornou-se um entroncamento excêntrico e incontornável da  ilha de Santo Antão.
Comida
Margilan, Usbequistão

Um Ganha Pão do Uzbequistão

Numa de muitas padarias de Margilan, desgastado pelo calor intenso do forno tandyr, o padeiro Maruf'Jon trabalha meio-cozido como os distintos pães tradicionais vendidos por todo o Usbequistão
Danças
Cultura
Okinawa, Japão

Danças de Ryukyu: têm séculos. Não têm grandes pressas.

O reino Ryukyu prosperou até ao século XIX como entreposto comercial da China e do Japão. Da estética cultural desenvolvida pela sua aristocracia cortesã contaram-se vários estilos de dança vagarosa.
Bungee jumping, Queenstown, Nova Zelândia
Desporto
Queenstown, Nova Zelândia

Queenstown, a Rainha dos Desportos Radicais

No séc. XVIII, o governo kiwi proclamou uma vila mineira da ilha do Sul "fit for a Queen". Hoje, os cenários e as actividades radicais reforçam o estatuto majestoso da sempre desafiante Queenstown.
Sal Muito Grosso
Em Viagem
Salta e Jujuy, Argentina

Pelas Terras Altas da Argentina Profunda

Um périplo pelas províncias de Salta e Jujuy leva-nos a desvendar um país sem sinal de pampas. Sumidos na vastidão andina, estes confins do Noroeste da Argentina também se perderam no tempo.
Camponesa, Majuli, Assam, India
Étnico
Majuli, Índia

Uma Ilha em Contagem Decrescente

Majuli é a maior ilha fluvial da Índia e seria ainda uma das maiores à face da Terra não fosse a erosão do rio Bramaputra que há séculos a faz diminuir. Se, como se teme, ficar submersa dentro de vinte anos, mais que uma ilha, desaparecerá um reduto cultural e paisagístico realmente místico do Subcontinente.
Portfólio, Got2Globe, melhores imagens, fotografia, imagens, Cleopatra, Dioscorides, Delos, Grécia
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Portfólio Got2Globe

O Terreno e o Celestial

Cobá, viagem às Ruínas Maias, Pac Chen, Maias de agora
História
Cobá a Pac Chen, México

Das Ruínas aos Lares Maias

Na Península de Iucatão, a história do segundo maior povo indígena mexicano confunde-se com o seu dia-a-dia e funde-se com a modernidade. Em Cobá, passámos do cimo de uma das suas pirâmides milenares para o coração de uma povoação dos nossos tempos.
Cruzeiro Princess Yasawa, Maldivas
Ilhas
Maldivas

Cruzeiro pelas Maldivas, entre Ilhas e Atóis

Trazido de Fiji para navegar nas Maldivas, o Princess Yasawa adaptou-se bem aos novos mares. Por norma, bastam um ou dois dias de itinerário, para a genuinidade e o deleite da vida a bordo virem à tona.
Auroras Boreais, Laponia, Rovaniemi, Finlandia, Raposa de Fogo
Inverno Branco
Lapónia, Finlândia

Em Busca da Raposa de Fogo

São exclusivas dos píncaros da Terra as auroras boreais ou austrais, fenómenos de luz gerados por explosões solares. Os nativos Sami da Lapónia acreditavam tratar-se de uma raposa ardente que espalhava brilhos no céu. Sejam o que forem, nem os quase 30º abaixo de zero que se faziam sentir no extremo norte da Finlândia nos demoveram de as admirar.
Lago Manyara, parque nacional, Ernest Hemingway, girafas
Literatura
PN Lago Manyara, Tanzânia

África Favorita de Hemingway

Situado no limiar ocidental do vale do Rift, o parque nacional lago Manyara é um dos mais diminutos mas encantadores e ricos em vida selvagem da Tanzânia. Em 1933, entre caça e discussões literárias, Ernest Hemingway dedicou-lhe um mês da sua vida atribulada. Narrou esses dias aventureiros de safari em “As Verdes Colinas de África”.
Cascata de Tamul, Aquismón, Huasteca Potosina, San Luís Potosi, México
Natureza
Aquismón, San Luís Potosi, México

A Água que os Deuses Despejam de Jarros

Nenhuma queda d’água da Huasteca Potosina se compara com a de Tamul, a terceira mais alta do México, com 105 metros de altura e, na época das chuvas, quase 300 metros de largo. De visita à região, saímos na demanda do salto de rio que os indígenas viam como divino.
Menina brinca com folhas na margem do Grande Lago do Palácio de Catarina
Outono
São Petersburgo, Rússia

Dias Dourados que Antecederam a Tempestade

À margem dos acontecimentos políticos e bélicos precipitados pela Rússia, de meio de Setembro em diante, o Outono toma conta do país. Em anos anteriores, de visita a São Petersburgo, testemunhamos como a capital cultural e do Norte se reveste de um amarelo-laranja resplandecente. Num deslumbre pouco condizente com o negrume político e bélico entretanto disseminado.
Totem, Sitka, Viagem Alasca que já foi da Rússia
Parques Naturais
Sitka, Alasca

Sitka: Viagem por um Alasca que Já foi Russo

Em 1867, o czar Alexandre II teve que vender o Alasca russo aos Estados Unidos. Na pequena cidade de Sitka, encontramos o legado russo mas também os nativos Tlingit que os combateram.
Serengeti, Grande Migração Savana, Tanzania, gnus no rio
Património Mundial UNESCO
PN Serengeti, Tanzânia

A Grande Migração da Savana Sem Fim

Nestas pradarias que o povo Masai diz siringet (correrem para sempre), milhões de gnus e outros herbívoros perseguem as chuvas. Para os predadores, a sua chegada e a da monção são uma mesma salvação.
aggie grey, Samoa, pacífico do Sul, Marlon Brando Fale
Personagens
Apia, Samoa Ocidental

A Anfitriã do Pacífico do Sul

Vendeu burgers aos GI’s na 2ª Guerra Mundial e abriu um hotel que recebeu Marlon Brando e Gary Cooper. Aggie Grey faleceu em 1988 mas o seu legado de acolhimento perdura no Pacífico do Sul.
Sesimbra, Vila, Portugal, Vista do alto
Praias
Sesimbra, Portugal

Uma Vila Tocada por Midas

Não são só a Praia da Califórnia e a do Ouro que a encerram a sul. Abrigada das fúrias do ocidente atlântico, prendada com outras enseadas imaculadas e dotada de fortificações seculares, Sesimbra é, hoje, um porto de abrigo piscatório e balnear precioso.
auto flagelacao, paixao de cristo, filipinas
Religião
Marinduque, Filipinas

A Paixão Filipina de Cristo

Nenhuma nação em redor é católica mas muitos filipinos não se deixam intimidar. Na Semana Santa, entregam-se à crença herdada dos colonos espanhóis.A auto-flagelação torna-se uma prova sangrenta de fé
Executivos dormem assento metro, sono, dormir, metro, comboio, Toquio, Japao
Sobre Carris
Tóquio, Japão

Os Hipno-Passageiros de Tóquio

O Japão é servido por milhões de executivos massacrados com ritmos de trabalho infernais e escassas férias. Cada minuto de tréguas a caminho do emprego ou de casa lhes serve para o seu inemuri, dormitar em público.
patpong, bar go go, banguecoque, mil e uma noites, tailandia
Sociedade
Banguecoque, Tailândia

Mil e Uma Noites Perdidas

Em 1984, Murray Head cantou a magia e bipolaridade nocturna da capital tailandesa em "One Night in Bangkok". Vários anos, golpes de estado, e manifestações depois, Banguecoque continua sem sono.
Vendedores de fruta, Enxame, Moçambique
Vida Quotidiana
Enxame, Moçambique

Área de Serviço à Moda Moçambicana

Repete-se em quase todas as paragens em povoações de Moçambique dignas de aparecer nos mapas. O machimbombo (autocarro) detém-se e é cercado por uma multidão de empresários ansiosos. Os produtos oferecidos podem ser universais como água ou bolachas ou típicos da zona. Nesta região a uns quilómetros de Nampula, as vendas de fruta eram sucediam-se, sempre bastante intensas.
Parque Nacional Gorongosa, Moçambique, Vida Selvagem, leões
Vida Selvagem
PN Gorongosa, Moçambique

O Coração da Vida Selvagem de Moçambique dá Sinais de Vida

A Gorongosa abrigava um dos mais exuberantes ecossistemas de África mas, de 1980 a 1992, sucumbiu à Guerra Civil travada entre a FRELIMO e a RENAMO. Greg Carr, o inventor milionário do Voice Mail recebeu a mensagem do embaixador moçambicano na ONU a desafiá-lo a apoiar Moçambique. Para bem do país e da humanidade, Carr comprometeu-se a ressuscitar o parque nacional deslumbrante que o governo colonial português lá criara.
Pleno Dog Mushing
Voos Panorâmicos
Seward, Alasca

O Dog Mushing Estival do Alasca

Estão quase 30º e os glaciares degelam. No Alasca, os empresários têm pouco tempo para enriquecer. Até ao fim de Agosto, o dog mushing não pode parar.