Ushuaia, Argentina

A Última das Cidades Austrais


Velho Farol
Farol antigo de Ushuaia, situado na proximidade do presídio da cidade.
Porto à pinha
Cruzeiros e outros navios ancorados ao largo de Ushuaia
El Bodegon Fueguino
Um dos restaurantes acolhedores do fim do mundo, instalado numa casa das muitas casas de madeira de Ushuaia.
De regresso do glaciar Martial
Passageiros do sistema de transporte que conduz às imediações do glaciar Martial.
Casario de Ushuaia
Vista de Ushuaia, com o seu casario disperso ao longo do Canal Beagle.
Dali para o Mundo
Placa com direcções nos arredores de Ushuaia.
Glaciar Martial
O pequeno - e a diminuir de ano para ano - glaciar El Martial, no topo das montanhas homónimas.
Husky puxador
Husky da matilha de El Mono um criador de cães de dogsledge de Ushuaia.
Marinheiro Bark Europa
Marinheiro prepara velas do navio Bark Europa, prestes a zarpar para a Antárctida.
Marinheiro no Fim do Mundo
Marinheiro francês faz-se fotografar junto do painel que assinala Ushuaia como o fim do mundo.
Georges Leygues
Um marinheiro francês de visita ao fim do mundo.
Moradora de Ushuaia
Moradora de Ushuaia com traços indígenas.
Embarque para a Antárctida
Passageiros atrasados por uma greve no aeroporto de Buenos Aires sobem a bordo do barco em que viajarão até à Antárctida.
Cela do Presídio
Visitantes examinam uma cela do velho presídio de Ushuaia, para onde foram enviados os prisioneiros mais perigosos ou problemáticos da Argentina
Bar Ideal
Moradores de Ushuaia no interior acolhedor do Bar Ideal.
Ushuaia e o Canal Beagle
Panorama de Ushuaia vista do cimo do Glaciar Martial.
A capital da Terra do Fogo marca o limiar austral da civilização. De Ushuaia partem inúmeras incursões ao continente gelado. Nenhuma destas aventuras de toca e foge se compara à da vida na cidade final.

À medida que o avião baixa tornam-se mais nítidos os recortes irregulares da Terra do Fogo e as suas cores dominantes: o azul-escuro do mar gélido, os verdes, amarelos e vermelhos da vegetação e o branco e negro das montanhas finais dos Andes e o casario de Ushuaia.

A aterragem requer uma inversão de sentido. Sobrevoamos, em círculo, o Canal Beagle e confrontamo-nos com o casario brilhante de Ushuaia, espraiado ao longo do sopé da Cordilheira Darwin, aqui com cerca de 1500 metros de altitude. Quando o deixamos de ver, o avião pousa, como mandam as regras, contra o vento e suavemente.

A Recepção Calorosa de Ushuaia

Por pura diversão, rogamos pragas à panóplia de roupa invernal que nos atafulha as mochilas. Sabemos que aos 54,48 graus sul, momentos quase estivais como o que encontramos são tão raros como coqueiros e que de um momento para o outro, as massas de ar frio provenientes do continente gelado reconquistam o seu território.

Não foram os dias solarengos destes confins que ficaram para a história. Nem são o deleite e o conforto as sensações que mais se retiram das peripécias dos aventureiros que o desbravaram.

Mesmo assim, muito mudou desde então. Como no tempo de Magalhães e Fitz Roy, Ushuaia e Buenos Aires continuam a 3500 km de distância mas a Terra do Fogo deixou de ser apenas uma região de provações e privações. A sua capital usufrui do título de urbe mais austral do mundo.

Em 1975, Bruce Chatwin narrou-a “Na Patagónia” como “uma cidade sem crianças com residentes com faces que azularam devido ao frio e que lançam olhares hostis aos forasteiros”.  Ainda assim, Ushuaia encanta, todos os anos, milhares de visitantes bem menos destemidos que os seus pioneiros.

Com 64.000 habitantes, Ushuaia é apenas a 97a urbe da Argentina. Desde há algumas décadas, o estatuto de cidade mais meridional à face da Terra tem-lhe concedido privilégios que compensam a sua pequenez.

Direcções para o Mundo, Ushuaia, ultima das cidades, Terra do Fogo, Argentina

Placa com direcções nos arredores de Ushuaia.

A Disputa pelo Título de Cidade Mais Austral

Esse estatuto é invejado pelos suspeitos do costume, sempre que se debatem questões fronteiriças ou geográficas destas paragens: os rivais chilenos.

Do outro lado do Canal Beagle, mais a sul, longínqua mas real, fica Puerto Williams, a povoação congénere chilena que os Fueginos querem que continue sem fornecimento de gás natural e privada do estatuto de cidade para que o epíteto de Ushuaia não pule para lá da fronteira.

Com o objectivo de conquistar o embalo civilizacional que beneficiou a vizinha argentina, Puerto Williams reclama com frequência o título. Franco, o dono de um veleiro em que navegamos pelo litoral próximo, explica-nos a seriedade da questão, enquanto arruma o convés: “amigos, vocês passam cá uns dias.

É-vos difícil perceber o que está envolvido. Só para terem uma ideia… apesar de com isso ter prejuízo financeiro, o governo argentino barra o fornecimento de gás natural a Puerto Williams para evitar que se desenvolva. Impressionante não é? Na minha opinião fazem muito bem. Nem quero imaginar o rombo que a nossa economia ia sofrer se eles passassem a cidade.”

Os intentos de Puerto Williams são tão ambiciosos como difíceis de concretizar. A população local é constituída por apenas dois mil habitantes, na maioria famílias de militares aquartelados nas bases dos arredores.

De cada vez que os chilenos voltam a reclamar o título, Ushuaia derrota-os citando a legislação que define oficialmente como cidade uma entidade urbana com mais de 5000 habitantes. Incomparavelmente menos que os de Ushuaia.

A Origem Missionária de Ushuaia, a Última das Cidades

Ushuaia começou a formar-se, em 1870, por acção da Sociedade Missionária da América do Sul, uma instituição religiosa britânica que ali ergueu a sua filial na Terra do Fogo, para abordar e converter os indígenas, principalmente os de etnia Yahgan.

Moradora de Ushuaia, ultima das cidades, Terra do Fogo, Argentina

Moradora de Ushuaia com traços indígenas.

Pouco depois, os governantes argentinos construíram um presídio.

De 1884 até cerca de 1947, juntaram-se à pequena povoação milhares de vizinhos problemáticos: os criminosos e presos políticos mais temidos do país.

Presídio, Ushuaia, ultima das cidades, Terra do Fogo, Argentina

Visitantes examinam uma cela do velho presídio de Ushuaia, para onde foram enviados os prisioneiros mais perigosos ou problemáticos da Argentina

Por essa altura – a segunda metade do século XX -, fruto da sua posição privilegiada, Ushuaia assumiu-se como uma base naval de grande importância militar para a Argentina e aliados.

Pelo mesmo motivo – acrescido de significantes regalias financeiras concedidas pelo governo argentino – instalaram-se, mais recentemente, diversas empresas, principalmente de montagem de componentes electrónicos.

Os salários elevados e baixa tributação provocaram um afluxo de novos habitantes, recém-chegados argentinos e estrangeiros. Com o advento suplementar do turismo, a cidade desenvolveu-se até à sua dimensão e aspecto actual.

Ascensão ao Glaciar Martial e a Vista para a Última das Cidades

Na mesma manhã em que chegamos, saímos em direcção às montanhas e ao glaciar Martial que nos dizem ter vistas ideais para apreciar e compreender a localização dramática de Ushuaia.

Glaciar Martial, Ushuaia, ultima das cidades, Terra do Fogo, Argentina

O pequeno – e a diminuir de ano para ano – glaciar El Martial, no topo das montanhas homónimas.

Após uma longa subida que combina caminhada e teleférico, pelo meio de uma densa floresta ainda a amarelar, chegamos ao primeiro ponto panorâmico.

Bem acima da floresta verdejante de lengas e de nires, a meia-encosta da cordillera Martial – onde o glaciar homónimo se rende ao aquecimento global – revela a vastidão azul do Canal Beagle, a península sinuosa em que se espraia Ushuaia e o casario colorido, denso e numeroso que, em parte, a preenche.

Percebemos, então, melhor que nunca, como a derradeira cidade negociou a sua existência com a cordilheira e com o mar.

Ushuaia, ultima das cidades, Terra do Fogo, Argentina

Panorama de Ushuaia vista do cimo do Glaciar Martial.

Só a componente natural deste panorama existia, em 1520, quando Fernão de Magalhães liderou a sua expedição através do estreito mais a norte, e descobriu uma inesperada passagem do oceano Atlântico para o Pacífico.

À data, Magalhães deparou-se, ali, com tribos indígenas Alakaluf, Mane’kenk, Selk’nam e Yamaná, os nativos que partilhavam a área. Surpreendeu-o a solução a que chegaram para sobreviverem ao frio austral, sempre munidos de pequenos fogos, incluindo, em deslocação, sobre as suas canoas.

Inspirado pela estranha abundância de fogueiras, Magalhães baptizou a região de Terra dos Fumos. O nome viria a ser alterado para o que perdura e define a última das províncias argentinas: Terra do Fogo.

De cada vez que o sol vence as nuvens, é reflectido pelos telhados metálicos das casas, feitos de zinco e alumínio.

Bodegon Fueguino, Ushuaia, ultima das cidades, Terra do Fogo, Argentina

Um dos restaurantes acolhedores do fim do mundo, instalado numa casa das muitas casas de madeira de Ushuaia.

Muitos são pintados. Isso dá ao casario um visual multicolor que se projecta no azul vivo do canal Beagle, para lá dos limites urbanos.

E nos tons variados das folhas das faias que cobrem a montanha até às imediações do glaciar.

Teleférico para glaciar Martial, Ushuaia, ultima das cidades, Terra do Fogo, Argentina

Passageiros do sistema de transporte que conduz às imediações do glaciar Martial.

Calle contra Calle, na Última das Cidades Austrais

Regressamos ao sopé da cordilheira e retomamos a deambulação por Ushuaia.

Depressa percebemos que o centro urbano da cidade se resume a umas quantas ruas que se repetem de forma linear, inclinadas e delimitadas por edifícios baixos.  Abrange duas calles principais, a Maipu e a Deloqui.

À primeira vista, as verdadeiras atracções escasseiam. Destacam-se sobretudo os edifícios históricos da Legislatura Provincial, a Iglésia de la Merced, a Casa Beban e o Presídio.

Não vemos sinal de vendedores de rua ou angariadores de clientes a pressionar quem passa mas, apesar de tranquilo, este cientro depressa se prova uma armadilha comercial, repleto de lojas de recordações, roupa e equipamento para os desportos de Inverno, de pequenas agências de tours, bares, restaurantes e geladarias.

Bar Ideal, Ushuaia, ultima das cidades, Terra do Fogo, Argentina

Moradores de Ushuaia no interior acolhedor do Bar Ideal.

Mas não foi o turismo que esteve na origem da fundação de Ushuaia. E a capital fuegina continua pouco disposta a depender apenas dos forasteiros.

A abundância de peixe e de gás natural facilita a tarefa e os governos argentino e da Terra do Fogo têm cumprido a sua parte concedendo incentivos fiscais que atraíram várias multinacionais tecnológicas, como a Grundig.

Chegamos ao fim da encosta. Lá desvendamos a Baía de Ushuaia e as paisagens firmes da Cordilheira Darwin, retocadas pela luz suave que sempre incide neste recanto meridional do mundo.

Casario de Ushuaia, ultima das cidades, Terra do Fogo, Argentina

Vista de Ushuaia, com o seu casario disperso ao longo do Canal Beagle.

A Inesperada Invasão Francesa de Ushuaia

Seguimos ao longo da baía até chegarmos ao pontão que acolhe os navios militares, de carga e de passageiros atracados na cidade. Ficamos a observá-los do Molhe do Turista até que, subitamente, de e uma enorme fragata de guerra francesa na extremidade da doca, zarpam vários zodiacs carregados de marinheiros.

Avançam, a grande velocidade, na nossa direcção. Desembarcam exactamente no passadiço em que nos encontramos que passa de refúgio tranquilo a “território gaulês”. Forma-se um frenesim justificado, se vindo de uma tripulação que há muitos dias não põe pé em terra.

Quando nada o fazia prever, damos por nós a fotografar grupos de marujos francius que fazem questão de se eternizar em frente à placa que assinala “Ushuaia: fin del mundo”. “La derniére, monsieur, s’il vous plait! 

Marinheiro de Ushuaia, ultima das cidades, Terra do Fogo, Argentina

Marinheiro francês faz-se fotografar junto do painel que assinala Ushuaia como o fim do mundo.

Antárctida: rumo à Última Fronteira

A partir do Molhe do Turista, avistam-se os navios acabados de chegar ou prestes a zarpar para o continente gelado. São antigas embarcações científicas ou militares russas, argentinas e americanas: o “Orlova“, o “M/V Discovery“, o “Antartica AA“, o “M/V Grigoriy Mikheev“, entre outros, e até uma antiga barca holandesa – o “Bark Europa” – que o recém-descoberto potencial turístico da Antárctida fez com que fossem transformadas em ferries, se bem que artilhados contra ondas gigantescas e mares brancos e semi-sólidos.

À espera do início da viagem das suas vidas estão passageiros com contas bancárias recheadas. O continente gelado está ali a apenas 1000km mas aventura não é para todos. Os programas mais acessíveis rondam os 3000 dólares para percursos de 9 a 15 dias.

Parece-nos dinheiro bem gasto. Ao observarmos os itinerários, detectamos lugares míticos: as Falkland (Malvinas), o Cabo Horn, a Geórgia do Sul e as Shetland do Sul ainda antes de ancorar na Península Antárctica.

Percorremos o pontão de cima abaixo e partilhamos um pouco da agitação e da expectativa que paira no ar.

Passageiros de cruzeiro Antárctida, Ushuaia, ultima das cidades, Terra do Fogo, Argentina

Passageiros atrasados por uma greve no aeroporto de Buenos Aires sobem a bordo do barco em que viajarão até à Antárctida.

Há uma greve no aeroporto de Ezeiza, de Buenos Aires. Atrasados, os passageiros chegam a conta gotas . Enquanto estes são recebidos pela tripulação e a sua bagagem é içada por grua, os que conseguiram cumprir o horário convivem a bordo.

A pressa é relativa. O embarque oficial devia fazer-se nessa tarde mas os barcos só zarpam na madrugada seguinte.

O Anacrónico Bark Europa

Damos atenção especial ao Bark Europa, uma embarcação de três mastros, movida por um máximo de 30 velas mas, quando necessário, apoiada por motores. Foi construída em 1911 e restaurada em 1994 para conduzir as mais diversas expedições.

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Marinheiro contempla as montanhas nos arredores de Ushuaia sobre o navio Bark Europa

Recentemente foi-lhe atribuído um itinerário anual com início em Amsterdão, que passa por Lisboa e Tenerife, continua até Salvador e Ushuaia onde se mantém de fins de Novembro a fins de Fevereiro operando sucessivas expedições à Antárctida.

A tripulação do “Bark Europa” é composta por catorze marinheiros profissionais mas integra dezenas de voluntários que assim podem realizar o sonho de navegar à moda antiga, naquelas paragens desafiantes do Planeta

Do cais, observamos um dos tripulantes residentes cumprir diversas tarefas a toda a latitude dos mastros e do labirinto de cordas que sustém as velas.

Husky, Marinheiro Bark Europa, Ushuaia, ultima das cidades, Terra do Fogo, Argentina

Marinheiro prepara velas do navio Bark Europa, prestes a zarpar para a Antárctida.

Trajado de jardineira de ganga, à moda arrojada dos marinheiros dos nossos tempos, move-se com a ligeireza ganha em intermináveis dias de treino mas também com a segurança da experiência adquirida.

No convés, os passageiros admiram as manobras, conversam e saboreiam vinho. Entretanto escurece. Vamos investigar outro barco, ancorado em terra.

Após uma noite revigorante de sono, na madrugada seguinte, os navios e passageiros na longa doca vão deixar Ushuaia, para lá do fim do mundo.

Porto, Ushuaia, ultima das cidades, Terra do Fogo, Argentina

Cruzeiros e outros navios ancorados ao largo de Ushuaia

Valletta, Malta

As Capitais Não se Medem aos Palmos

Por altura da sua fundação, a Ordem dos Cavaleiros Hospitalários apodou-a de "a mais humilde". Com o passar dos séculos, o título deixou de lhe servir. Em 2018, Valletta foi a Capital Europeia da Cultura mais exígua de sempre e uma das mais recheadas de história e deslumbrantes de que há memória.
Cabo da Boa Esperança - Cape of Good Hope NP, África do Sul

À Beira do Velho Fim do Mundo

Chegamos onde a grande África cedia aos domínios do “Mostrengo” Adamastor e os navegadores portugueses tremiam como varas. Ali, onde a Terra estava, afinal, longe de acabar, a esperança dos marinheiros em dobrar o tenebroso Cabo era desafiada pelas mesmas tormentas que lá continuam a grassar.
Salta e Jujuy, Argentina

Pelas Terras Altas da Argentina Profunda

Um périplo pelas províncias de Salta e Jujuy leva-nos a desvendar um país sem sinal de pampas. Sumidos na vastidão andina, estes confins do Noroeste da Argentina também se perderam no tempo.
Canal Beagle, Argentina

Darwin e o Canal Beagle: no Rumo da Evolução

Em 1833, Charles Darwin navegou a bordo do "Beagle" pelos canais da Terra do Fogo. A sua passagem por estes confins meridionais moldou a teoria revolucionária que formulou da Terra e das suas espécies
Ushuaia, Argentina

Ultima Estação: Fim do Mundo

Até 1947, o Tren del Fin del Mundo fez incontáveis viagens para que os condenados do presídio de Ushuaia cortassem lenha. Hoje, os passageiros são outros mas nenhuma outra composição passa mais a Sul.
Perito Moreno, Argentina

O Glaciar Que Resiste

O aquecimento é supostamente global mas não chega a todo o lado. Na Patagónia, alguns rios de gelo resistem.De tempos a tempos, o avanço do Perito Moreno provoca derrocadas que fazem parar a Argentina
El Chalten, Argentina

O Apelo de Granito da Patagónia

Duas montanhas de pedra geraram uma disputa fronteiriça entre a Argentina e o Chile.Mas estes países não são os únicos pretendentes.Há muito que os cerros Fitz Roy e Torre atraem alpinistas obstinados
Mendoza, Argentina

De Um Lado ao Outro dos Andes

Saída da Mendoza cidade, a ruta N7 perde-se em vinhedos, eleva-se ao sopé do Monte Aconcágua e cruza os Andes até ao Chile. Poucos trechos transfronteiriços revelam a imponência desta ascensão forçada
Esteros del Iberá, Argentina

O Pantanal das Pampas

No mapa mundo, para sul do famoso pantanal brasileiro, surge uma região alagada pouco conhecida mas quase tão vasta e rica em biodiversidade. A expressão guarani Y berá define-a como “águas brilhantes”. O adjectivo ajusta-se a mais que à sua forte luminância.
El Calafate, Argentina

Os Novos Gaúchos da Patagónia

Em redor de El Calafate, em vez dos habituais pastores a cavalo, cruzamo-nos com gaúchos criadores equestres e com outros que exibem para gáudio dos visitantes, a vida tradicional das pampas douradas.
Mendoza, Argentina

Viagem por Mendoza, a Grande Província Enóloga Argentina

Os missionários espanhóis perceberam, no século XVI, que a zona estava talhada para a produção do “sangue de Cristo”. Hoje, a província de Mendoza está no centro da maior região enóloga da América Latina.
San Ignácio Mini, Argentina

As Missões Jesuíticas Impossíveis de San Ignácio Mini

No séc. XVIII, os jesuítas expandiam um domínio religioso no coração da América do Sul em que convertiam os indígenas guarani em missões jesuíticas. Mas as Coroas Ibéricas arruinaram a utopia tropical da Companhia de Jesus.
Cataratas Iguaçu/Iguazu, Brasil/Argentina

O Troar da Grande Água

Após um longo percurso tropical, o rio Iguaçu dá o mergulho dos mergulhos. Ali, na fronteira entre o Brasil e a Argentina, formam-se as cataratas maiores e mais impressionantes à face da Terra.
Colónia Pellegrini, Argentina

Quando a Carne é Fraca

É conhecido o sabor inconfundível da carne argentina. Mas esta riqueza é mais vulnerável do que se imagina. A ameaça da febre aftosa, em particular, mantém as autoridades e os produtores sobre brasas.
Terra do Fogo, Argentina

Uma Fazenda no Fim do Mundo

Em, 1886, Thomas Bridges, um órfão inglês levado pela família missionária adoptiva para os confins do hemisfério sul fundou a herdade anciã da Terra do Fogo. Bridges e os descendentes entregaram-se ao fim do mundo. Hoje, a sua Estancia Harberton é um deslumbrante monumento argentino à determinação e à resiliência humana.
Fiéis saúdam-se no registão de Bukhara.
Cidade
Bukhara, Uzbequistão

Entre Minaretes do Velho Turquestão

Situada sobre a antiga Rota da Seda, Bukhara desenvolveu-se desde há pelo menos, dois mil anos como um entreposto comercial, cultural e religioso incontornável da Ásia Central. Foi budista, passou a muçulmana. Integrou o grande império árabe e o de Gengis Khan, reinos turco-mongois e a União Soviética, até assentar no ainda jovem e peculiar Uzbequistão.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Delta do Okavango, Nem todos os rios Chegam ao Mar, Mokoros
Safari
Delta do Okavango, Botswana

Nem Todos os Rios Chegam ao Mar

Terceiro rio mais longo do sul de África, o Okavango nasce no planalto angolano do Bié e percorre 1600km para sudeste. Perde-se no deserto do Kalahari onde irriga um pantanal deslumbrante repleto de vida selvagem.
Braga ou Braka ou Brakra, no Nepal
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 6º – Braga, Nepal

Num Nepal Mais Velho que o Mosteiro de Braga

Quatro dias de caminhada depois, dormimos aos 3.519 metros de Braga (Braka). À chegada, apenas o nome nos é familiar. Confrontados com o encanto místico da povoação, disposta em redor de um dos mosteiros budistas mais antigos e reverenciados do circuito Annapurna, lá prolongamos a aclimatização com subida ao Ice Lake (4620m).
Estátua Mãe-Arménia, Erevan, Arménia
Arquitectura & Design
Erevan, Arménia

Uma Capital entre o Leste e o Ocidente

Herdeira da civilização soviética, alinhada com a grande Rússia, a Arménia deixa-se seduzir pelos modos mais democráticos e sofisticados da Europa Ocidental. Nos últimos tempos, os dois mundos têm colidido nas ruas da sua capital. Da disputa popular e política, Erevan ditará o novo rumo da nação.
Era Susi rebocado por cão, Oulanka, Finlandia
Aventura
PN Oulanka, Finlândia

Um Lobo Pouco Solitário

Jukka “Era-Susi” Nordman criou uma das maiores matilhas de cães de trenó do mundo. Tornou-se numa das personagens mais emblemáticas da Finlândia mas continua fiel ao seu cognome: Wilderness Wolf.
Cerimónias e Festividades
Pentecostes, Vanuatu

Naghol: O Bungee Jumping sem Modernices

Em Pentecostes, no fim da adolescência, os jovens lançam-se de uma torre apenas com lianas atadas aos tornozelos. Cordas elásticas e arneses são pieguices impróprias de uma iniciação à idade adulta.
Cavaleiros cruzam a Ponte do Carmo, Pirenópolis, Goiás, Brasil
Cidades
Pirenópolis, Brasil

Uma Pólis nos Pirinéus Sul-Americanos

Minas de Nossa Senhora do Rosário da Meia Ponte foi erguida por bandeirantes portugueses, no auge do Ciclo do Ouro. Por saudosismo, emigrantes provavelmente catalães chamaram à serra em redor de Pireneus. Em 1890, já numa era de independência e de incontáveis helenizações das suas urbes, os brasileiros baptizaram esta cidade colonial de Pirenópolis.
Comida
Mercados

Uma Economia de Mercado

A lei da oferta e da procura dita a sua proliferação. Genéricos ou específicos, cobertos ou a céu aberto, estes espaços dedicados à compra, à venda e à troca são expressões de vida e saúde financeira.
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No Cenário Quase Ideal de Bollywood

O conflito com o Paquistão e a ameaça do terrorismo tornaram as filmagens em Caxemira e Uttar Pradesh um drama. Em Ooty, constatamos como esta antiga estação colonial britânica assumia o protagonismo.
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Queenstown, a Rainha dos Desportos Radicais

No séc. XVIII, o governo kiwi proclamou uma vila mineira da ilha do Sul "fit for a Queen". Hoje, os cenários e as actividades radicais reforçam o estatuto majestoso da sempre desafiante Queenstown.
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Do Red Centre ao Top End tropical, a estrada Stuart Highway percorre mais de 1.500km solitários através da Austrália. Nesse trajecto, o Território do Norte muda radicalmente de visual mas mantém-se fiel à sua alma rude.
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Fiji adaptou-se à invasão dos viajantes com hotéis e resorts ocidentalizados. Mas, nas terras altas de Viti Levu, Navala conserva as suas palhotas criteriosamente alinhadas.
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O Primeiro Jackpot dos Descobrimentos Portugueses

No séc. XVI, Mina gerava à Coroa mais de 310 kg de ouro anuais. Este proveito suscitou a cobiça da Holanda e da Inglaterra que se sucederam no lugar dos portugueses e fomentaram o tráfico de escravos para as Américas. A povoação em redor ainda é conhecida por Elmina mas, hoje, o peixe é a sua mais evidente riqueza.
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Onde, para oeste, até no mapa as Américas surgem remotas, a Ilha das Flores abriga o derradeiro domínio idílico-dramático açoriano e quase quatro mil florenses rendidos ao fim-do-mundo deslumbrante que os acolheu.
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Uma Finlândia Pouco Convencional

As próprias autoridades definem Kemi como ”uma pequena cidade ligeiramente aloucada do norte finlandês”. Quando a visitamos, damos connosco numa Lapónia inconformada com os modos tradicionais da região.
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femea e cria, passos grizzly, parque nacional katmai, alasca
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Vida Selvagem
Pantanal do Mato Grosso, Brasil

Transpantaneira, Pantanal e Confins do Mato Grosso

Partimos do coração sul-americano de Cuiabá para sudoeste e na direcção da Bolívia. A determinada altura, a asfaltada MT060 passa sob um portal pitoresco e a Transpantaneira. Num ápice, o estado brasileiro de Mato Grosso alaga-se. Torna-se um Pantanal descomunal.
Napali Coast e Waimea Canyon, Kauai, Rugas do Havai
Voos Panorâmicos
NaPali Coast, Havai

As Rugas Deslumbrantes do Havai

Kauai é a ilha mais verde e chuvosa do arquipélago havaiano. Também é a mais antiga. Enquanto exploramos a sua Napalo Coast por terra, mar e ar, espantamo-nos ao vermos como a passagem dos milénios só a favoreceu.