Mulher sobe a escadaria da Igreja da Srª da Imaculada Conceição, um dos monumentos religiosos mais impressionantes de Pangim.
Sapatos abençoados
Sapatos de participantes num casamento tradicional hindu a ter lugar, ao fim da tarde, nas imediações de Anjuna.
À cabeça
Rapariga transporta um alguidar carregado sobre o pôr-do-sol e numa das ruas centrais de Pangim, a capital goesa.
Rochas divinas
Escultura de Shiva acompanhado de uma tartaruga durante a maré vazia da praia de Vagator, nas imediações de Anjuna.
Brincadeiras Balneares
Crianças criam posições com estilo sobre o areal de uma praia de Goa, em grande diversão.
Outra Goa
Barco passa por um velho pontão num braço de mar nos arredores de Pangim, em Goa.
Uma Boda Hindu
Casal durante uma cerimónia matrimonial nas imediações de Anjuna, e segundo os preceitos sagrados e coloridos da religião hindu.
Vendedoras e Vacas balneares
Vendedoras de panos goeses contornam vacas em repouso sagrado sobre o areal de uma praia a norte de Anjuna.
Imponência colonial
A igreja de Nossa Srª da Conceição, destacada num branco imaculado contra o azulão forte sobre a capital de Goa.
“Little Business”
Raparigas tentam vender panos garridos a clientes de um restaurante de praia, equilibradas sobre uma laje de rocha muito irregular.
Num transe cerimonial
Participante num casamento a ter lugar em Anjuna entoa um cântico hindu absorto na espiritualidade da sua religião.
República Lodging
A fachada peculiar do velho hotel República, na capital goesa Pangim.
Debaixo dos panos
Vendedoras de lenços e panos fazem uma pausa no seu giro pelas praias e posam para a fotografia.
Uma súbita ânsia por herança tropical indo-portuguesa faz-nos viajar em vários transportes mas quase sem paragens, de Lisboa à famosa praia de Anjuna. Só ali, a muito custo, conseguimos descansar.
Texto: Marco C. Pereira
Imagens: Marco C. Pereira-Sara Wong
O Inverno permanece rigoroso na pátria tuga e gera um súbito desejo de evasão para outro lado mais aconchegante do Mundo.
Dezassete horas após a descolagem de uma Portela frígida, aterramos na abafada Mumbai. Abençoados pelo trânsito fluído da cidade àquela hora tardia, depressa prosseguimos para a Central Station.
O Longo Trecho Ferroviário entre Bombaim e Goa
Faltam várias horas para a partida do Mandovi Express mas não há uma única sala ou negócio aberto na gare. Sem alternativa, instalamo-nos contra a parede de uma plataforma limítrofe, o mais abstraídos possível das incursões das ratazanas à depressão lúgubre e oleosa em que repousavam os carris.
A composição parte pouco depois do nascer do sol. Celebramos o facto de os assentos rebaterem como se de uma bênção de Shiva se tratasse. Acomodada a bagagem, aterramos na diagonal.
Só acordamos centenas de quilómetros depois, no limiar do estado de Maharashtra e com o de Goa a anunciar-se.
“Old Goa, Anjuna, Panjim?” interrogam-nos outros passageiros determinados em que saíssemos na estação certa. Deixamos a composição entregue à estação da Velha Goa e, com a penumbra a insinuar-se, transferimo-nos num Ambassador branco para uma pousada de nome Punan, plantada na beira-mar de Anjuna.
A Beira-Mar Tropical e Mochileira de Anjuna
Nessa noite, ainda espreitamos um ensaio de rave party nas imediações. Havia lua cheia mas faltava transe ao evento e as abordagens incessantes de vendedores de tudo um pouco acabaram por nos convencer a regressar aos novos aposentos.
O primeiro despertar em Goa tem a recompensa de um pequeno-almoço revigorante numa esplanada elevada. Saboreamos a refeição com prazer e tranquilidade. Não tanto como desejávamos.
Raparigas tentam vender panos garridos a clientes de um restaurante de praia, equilibradas sobre uma laje de rocha muito irregular.
É com surpresa que escutamos vozes femininas vindas de baixo: “Little business, sir, madam!” Just a little business.” Intrigados, espreitamos sobre o varandim e descobrimos duas jovens vendedoras na laje negra e porosa. Carregam panos abertos acima das cabeças.
As adolescentes intensificam o apelo. “Very good cloth, madam. Please, tell me a good price!”. Por essa hora, dávamos absoluta prioridade ao mergulho inaugural no Mar da Arábia. O desejo não tardaria a realizar-se.
Escultura de Shiva acompanhado de uma tartaruga durante a maré vazia da praia de Vagator, nas imediações de Anjuna.
O Areal Agitado de Goa e do Mar da Arábia
Após o longo banho e um convívio deitado sobre o areal de Anjuna, assalta-nos de novo o apetite. Compramos espetadas de abacaxi e adoçamos ainda mais a manhã. É, de novo, sol de pouca dura.
Vacas indianas, sagradas como todas, rainhas soberbas da praia sentem, no ar, o aroma açucarado da fruta.
Num ápice, temo-las com os focinhos junto às faces, a fazerem-se ao que restava do petisco. A sua persistência torna-se tal que nos força a levantar dos páreos.
Instigado pela batalha ganha, aquele gado balnear persegue-nos enquanto corremos, às voltas, de espetadas na ponta dos dedos.
Afastamo-nos o suficiente para as desencorajarmos e aproveitamos o balanço para caminharmos pelo litoral a norte. Também para aqueles lados, mais vendedoras e mais vacas protagonizariam reproduções das cenas anteriores.
Vendedoras de panos goeses contornam vacas em repouso sagrado sobre o areal de uma praia a norte de Anjuna.
A vingança não é intencional mas, com a devida autorização, juntamo-nos a um casamento hindu para que, sem verdadeiro aviso ou convite que fosse, nos convoca.
De uma forma fotográfica, perturbamo-lo o mais que podemos.
Casal durante uma cerimónia matrimonial nas imediações de Anjuna, e segundo os preceitos sagrados e coloridos da religião hindu.
Ficheiros Secretos. Mulder & Scully numa Inesperado Cinema de Goa
Foi preciso esperarmos pela noite escura e pelo retiro do terraço da Punan guest-house para sentirmos uma paz indisputada. Dessa vez, para variar, somos nós a pôr-lhe cobro.
Um clarão intrigante cintila nos ares. Não nos parece ter o padrão de festa rave nem são horas para tal. Resolvemos investigar. Achamos um anfiteatro modular quase repleto. Mesmo sem sermos grandes fãs, damos connosco a acompanhar um velho episódio da série X-Files, projectado num lençol branco gigante.
No coração de Anjuna, sob um firmamento hiperestrelado, suados devido ao calor do Verão goês, entre coqueiros altivos e outros atributos do tropicalismo indiano, acompanhamos a dupla Mulder & Scully em “Ice”, uma aventura esotérica passada num cenário árctico grandioso do Alasca.
Mas estávamos em falta para com a portugalidade de Goa. A meio da manhã seguinte, alugamos uma motoreta e mudamo-nos para Pangim.
Na capital, deambulamos por entre ruelas com nomes tão familiares como alguns dos nossos, subimos ao Altinho e à igreja de Nª Srª da Imaculada Conceição.
Ao Deus Dará, pelas Ruas da Capital Pangim
Nos bairros das Fontainhas e de São Tomé, falamos com vários habitantes com tez mais clara, olhos verde-azeitona e outros tons, antes pouco comuns naquelas partes da Índia que só a presença histórica portuguesa pode justificar.
Rapariga transporta um alguidar carregado sobre o pôr-do-sol e numa das ruas centrais de Pangim, a capital goesa.
Um ou outro nativos mais idosos atrevem-se a exemplificar o seu domínio enferrujado da nossa língua e até a exprimir algum saudosismo do já distante passado colonial. “O que vos posso dizer é que tínhamos uma boa vida todos juntos, afiança-nos um Sr. Lourenço”.
O governo indiano discorda, cumpre o seu papel e continua a resgatar o território dos antigos senhorios. Recentemente, anunciou a promulgação de uma lei que confisca propriedades de portugueses em Goa. A decisão ainda dá que falar.
Já as almas empreendedoras da cidade, preferem lucrar com o legado cultural. Apuramo-lo num dos barcos de cruzeiros no rio Mandovi. Além da tripulação, seguem também a bordo um batalhão de homens indianos e umas dezenas de senhoras de saris.
“Malhão, Malhão” e Outros Êxitos Portugueses, Rio Mandovi Acima
Mal nos tínhamos ainda ambientado, quando os anfitriões dão início a um espectáculo que contempla interpretações de canções populares anglófonas, indianas. E também portuguesas.
Todos os passageiros – nós muito mais que os restantes – se surpreendem com uma imitação de rancho folclórico de visual indo-minhoto. O espanto passa a apreensão e, logo, a pavor quando nos convocam para um deturpado “Malhão, Malhão”.
Já os homens indianos rejubilam quando chega a sua vez. Terminadas as exibições ao vivo, os animadores passam a altos berros um qualquer êxito bollywoodesco. Mal o reconhece, a turba projecta-se das mesas para a pista.
Como se todos tivessem nascido Shahrukh Khans ou outros ídolos de Mumbay, contorcem-se, abanam os braços e as mãos para um lado e para o outro, para cima e para baixo de forma tresloucada. E emulam, num delicioso êxtase embarcado as coreografias que passaram a vida a admirar.
As mulheres do grupo, essas, limitam-se a assistir.
Numa outra tarde, passamos pela Velha Goa e examinamos o património eclesiástico majestoso ali deixado pela nossa nação de aventureiros, descobridores e missionários, em particular, pela Basílica do Bom Jesus onde jaz o corpo de São Francisco de Xavier, o Apóstolo do Oriente.
Partida em Aflição Para Cochim
Quando percebemos que o comboio que tínhamos que apanhar para sul, passava pela estação local dentro de três horas, entramos em modo de aflição.
Saímos disparados para entregar a motoreta e arranjámos um táxi que nos espera na pousada enquanto metemos tudo à pressa nas mochilas. Pagamos a estadia e avisamos o motorista deste novo Ambassador que tem que seguir prego a fundo.
O homem faz questão de nos provar a qualidade daqueles clássicos. Quase voa para o interior de Goa. Pelo caminho, ainda gabamos a música que passa no seu auto-rádio de museu. Acabamos por lhe comprar a cassete.
À chegada, vemos o Netravati Express já a ganhar balanço. Ainda o apanhamos. Quinze horas depois, dávamos entrada em Cochim.
A proeminente cidade de Goa já justificava o título de “Roma do Oriente” quando, a meio do século XVI, epidemias de malária e de cólera a votaram ao abandono. A Nova Goa (Pangim) por que foi trocada chegou a sede administrativa da Índia Portuguesa mas viu-se anexada pela União Indiana do pós-independência. Em ambas, o tempo e a negligência são maleitas que agora fazem definhar o legado colonial luso.
Foi fortificada, em 1791, pelos portugueses que expulsaram os árabes das Quirimbas e se apoderaram das suas rotas comerciais. Tornou-se o 2º entreposto português da costa oriental de África e, mais tarde, a capital da província de Cabo Delgado, Moçambique. Com o fim do tráfico de escravos na viragem para o século XX e a passagem da capital para Porto Amélia, a ilha Ibo viu-se no fascinante remanso em que se encontra.
Guwahati é a maior cidade do estado de Assam e do Nordeste indiano. Também é uma das que mais se desenvolve do mundo. Para os hindus e crentes devotos do Tantra, não será coincidência lá ser venerada Kamakhya, a deusa-mãe da criação.
Chegamos ao limiar norte de Bengala Ocidental. O subcontinente entrega-se a uma vasta planície aluvial preenchida por plantações de chá, selva, rios que a monção faz transbordar sobre arrozais sem fim e povoações a rebentar pelas costuras. Na iminência da maior das cordilheiras e do reino montanhoso do Butão, por óbvia influência colonial britânica, a Índia trata esta região deslumbrante por Dooars.
Gangtok é a capital de Sikkim, um antigo reino da secção dos Himalaias da Rota da Seda tornado província indiana em 1975. A cidade surge equilibrada numa vertente, de frente para a Kanchenjunga, a terceira maior elevação do mundo que muitos nativos crêem abrigar um Vale paradisíaco da Imortalidade. A sua íngreme e esforçada existência budista visa, ali, ou noutra parte, o alcançarem.
A imprevisibilidade dos rios na região mais chuvosa à face da Terra nunca demoveu os Khasi e os Jaintia. Confrontadas com a abundância de árvores ficus elastica nos seus vales, estas etnias habituaram-se a moldar-lhes os ramos e estirpes. Da sua tradição perdida no tempo, legaram centenas de pontes de raízes deslumbrantes às futuras gerações.
A 150 km de solidão para norte da matriarca São Tomé, a ilha do Príncipe eleva-se do Atlântico profundo num cenário abrupto e vulcânico de montanha coberta de selva. Há muito encerrada na sua natureza tropical arrebatadora e num passado luso-colonial contido mas comovente, esta pequena ilha africana ainda abriga mais estórias para contar que visitantes para as escutar.
Com a chegada de Vasco da Gama ao extremo sudeste de África, os portugueses tomaram uma ilha antes governada por um emir árabe a quem acabaram por adulterar o nome. O emir perdeu o território e o cargo. Moçambique - o nome moldado - perdura na ilha resplandecente em que tudo começou e também baptizou a nação que a colonização lusa acabou por formar.
O conflito com o Paquistão e a ameaça do terrorismo tornaram as filmagens em Caxemira e Uttar Pradesh um drama. Em Ooty, constatamos como esta antiga estação colonial britânica assumia o protagonismo.
Em 1565, o império hindu de Vijayanagar sucumbiu a ataques inimigos. 45 anos antes, já tinha sido vítima da aportuguesação do seu nome por dois aventureiros portugueses que o revelaram ao Ocidente.
Mal o curto Inverno parte, Jaisalmer entrega-se a desfiles, a corridas de camelos e a competições de turbantes e de bigodes. As suas muralhas, ruelas e as dunas em redor ganham mais cor que nunca. Durante os três dias do evento, nativos e forasteiros assistem, deslumbrados, a como o vasto e inóspito Thar resplandece afinal de vida.
No limiar norte da província indiana de Arunachal Pradesh, Tawang abriga cenários dramáticos de montanha, aldeias de etnia Mompa e mosteiros budistas majestosos. Mesmo se desde 1962 os rivais chineses não o trespassam, Pequim olha para este domínio como parte do seu Tibete. De acordo, há muito que a religiosidade e o espiritualismo ali comungam com um forte militarismo.
Descemos das terras altas e montanhosas de Meghalaya para as planas a sul e abaixo. Ali, o caudal translúcido e verde do Dawki faz de fronteira entre a Índia e o Bangladesh. Sob um calor húmido que há muito não sentíamos, o rio também atrai centenas de indianos e bangladeshianos entregues a uma pitoresca evasão.
Chega Dezembro. Com uma população em larga medida cristã, o estado de Meghalaya sincroniza a sua Natividade com a do Ocidente e destoa do sobrelotado subcontinente hindu e muçulmano. Shillong, a capital, resplandece de fé, felicidade, jingle bells e iluminações garridas. Para deslumbre dos veraneantes indianos de outras partes e credos.
Nem o forte declive de alguns tramos nem a modernidade o detêm. De Siliguri, no sopé tropical da grande cordilheira asiática, a Darjeeling, já com os seus picos cimeiros à vista, o mais famoso dos Toy Trains indianos assegura há 117 anos, dia após dia, um árduo percurso de sonho. De viagem pela zona, subimos a bordo e deixamo-nos encantar.
O Maguri Bill ocupa uma área anfíbia nas imediações assamesas do rio Bramaputra. É louvado como um habitat incrível sobretudo de aves. Quando o navegamos em modo de gôndola, deparamo-nos com muito (mas muito) mais vida que apenas a asada.
A fortaleza de Jaisalmer foi erguida a partir de 1156 por ordem de Rawal Jaisal, governante de um clã poderoso dos confins hoje indianos do Deserto do Thar. Mais de oito séculos volvidos, apesar da contínua pressão do turismo, partilham o interior vasto e intrincado do último dos fortes habitados da Índia quase quatro mil descendentes dos habitantes originais.
Durante 25 horas, percorremos a NH13, uma das mais elevadas e perigosas estradas indianas. Viajamos da bacia do rio Bramaputra aos Himalaias disputados da província de Arunachal Pradesh. Neste artigo, descrevemos-lhe o trecho até aos 4170 m de altitude do Sela Pass que nos apontou à cidade budista-tibetana de Tawang.
Situado no estado de Assam, a sul do grande rio Bramaputra, o PN Kaziranga ocupa uma vasta área de pântano aluvial. Lá se concentram dois terços dos rhinocerus unicornis do mundo, entre em redor de 100 tigres, 1200 elefantes e muitos outros animais. Pressionado pela proximidade humana e pela inevitável caça furtiva, este parque precioso só não se tem conseguido proteger das cheias hiperbólicas das monções e de algumas polémicas.
Majuli é a maior ilha fluvial da Índia e seria ainda uma das maiores à face da Terra não fosse a erosão do rio Bramaputra que há séculos a faz diminuir. Se, como se teme, ficar submersa dentro de vinte anos, mais que uma ilha, desaparecerá um reduto cultural e paisagístico realmente místico do Subcontinente.
Situada sobre a antiga Rota da Seda, Bukhara desenvolveu-se desde há pelo menos, dois mil anos como um entreposto comercial, cultural e religioso incontornável da Ásia Central. Foi budista, passou a muçulmana. Integrou o grande império árabe e o de Gengis Khan, reinos turco-mongois e a União Soviética, até assentar no ainda jovem e peculiar Uzbequistão.
Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Nestas pradarias que o povo Masai diz siringet (correrem para sempre), milhões de gnus e outros herbívoros perseguem as chuvas. Para os predadores, a sua chegada e a da monção são uma mesma salvação.
Na subida para o povoado de Ghyaru, tivemos uma primeira e inesperada mostra do quão extasiante se pode provar o Circuito Annapurna. Nove quilómetros depois, em Braga, pela necessidade de aclimatizarmos ascendemos dos 3.470m de Braga aos 4.600m do lago de Kicho Tal. Só sentimos algum esperado cansaço e o avolumar do deslumbre pela Cordilheira Annapurna.
Quando armadores de Reiquejavique compraram a frota pesqueira de Seydisfjordur, a povoação teve que se adaptar. Hoje, captura discípulos da arte de Dieter Roth e outras almas boémias e criativas.
Até ao início do século XX, os comedores de homens ainda se banqueteavam no arquipélago de Vanuatu. Na aldeia de Botko descobrimos porque os colonizadores europeus tanto receavam a ilha de Malekula.
Com o Verão e o tempo quente, a cidade russa de Suzdal descontrai da sua ortodoxia religiosa milenar. A velha cidade também é famosa por ter os melhores pepinos da nação. Quando Julho chega, faz dos recém-colhidos um verdadeiro festival.
Mesmo barradas da savana e do Atlântico por serras, as terras frescas e férteis de Calubango sempre prendaram os forasteiros. Os madeirenses que fundaram Lubango sobre os 1790m e os povos que se lhes juntaram, fizeram dela a cidade mais elevada e uma das mais cosmopolitas de Angola.
Cada povo, suas receitas e iguarias. Em certos casos, as mesmas que deliciam nações inteiras repugnam muitas outras. Para quem viaja pelo mundo, o ingrediente mais importante é uma mente bem aberta.
Nos séculos XVIII e XIX, Bridgetown acolheu o Quartel-General do Exército e da Marinha da Grã-Bretanha para as Índias Ocidentais. Em 1966, após 300 anos, Barbados conquistou a sua independência. A Garrison e, em particular, o relvado-hipódromo no seu âmago exaltam o vigor da jovem nação.
Há mais de 2000 anos, inspirado pelo seu deus do arroz, o povo Ifugao esquartejou as encostas de Luzon. O cereal que os indígenas ali cultivam ainda nutre parte significativa do país.
A maior parte das fotografias em viagem são tiradas com luz solar. A luz solar e a meteorologia formam uma interacção caprichosa. Saiba como a prever, detectar e usar no seu melhor.
Quioto esteve na lista de alvos das bombas atómicas dos E.U.A. e foi mais que um capricho do destino que a preservou. Salva por um Secretário de Guerra norte-americano apaixonado pela sua riqueza histórico-cultural e sumptuosidade oriental, a cidade foi substituída à última da hora por Nagasaki no sacrifício atroz do segundo cataclismo nuclear.
O arquipélago filipino estende-se por 300.000 km² de oceano Pacífico. Parte do sub-arquipélago Visayas, Bohol abriga pequenos primatas com aspecto alienígena e as colinas extraterrenas de Chocolate Hills.
Em 1964, Katsura Morimura deliciou o Japão com um romance-turquesa passado em Ouvéa. Mas a vizinha Île-des-Pins apoderou-se do título "A Ilha mais próxima do Paraíso" e extasia os seus visitantes.
Descemos das terras altas e montanhosas de Meghalaya para as planas a sul e abaixo. Ali, o caudal translúcido e verde do Dawki faz de fronteira entre a Índia e o Bangladesh. Sob um calor húmido que há muito não sentíamos, o rio também atrai centenas de indianos e bangladeshianos entregues a uma pitoresca evasão.
À margem dos acontecimentos políticos e bélicos precipitados pela Rússia, de meio de Setembro em diante, o Outono toma conta do país. Em anos anteriores, de visita a São Petersburgo, testemunhamos como a capital cultural e do Norte se reveste de um amarelo-laranja resplandecente. Num deslumbre pouco condizente com o negrume político e bélico entretanto disseminado.
Por estrada e a bordo do Flam Railway, num dos itinerários ferroviários mais íngremes do mundo, chegamos a Flam e à entrada do Sognefjord, o maior, mais profundo e reverenciado dos fiordes da Escandinávia. Do ponto de partida à derradeira estação, confirma-se monumental esta Noruega que desvendamos.
Partimos do coração sul-americano de Cuiabá para sudoeste e na direcção da Bolívia. A determinada altura, a asfaltada MT060 passa sob um portal pitoresco e a Transpantaneira. Num ápice, o estado brasileiro de Mato Grosso alaga-se. Torna-se um Pantanal descomunal.
Vendeu burgers aos GI’s na 2ª Guerra Mundial e abriu um hotel que recebeu Marlon Brando e Gary Cooper. Aggie Grey faleceu em 1988 mas o seu legado de acolhimento perdura no Pacífico do Sul.
Destacados acima de um litoral exuberante, os picos irmãos Pitons são a imagem de marca de Saint Lucia. Tornaram-se de tal maneira emblemáticos que têm lugar reservado nas notas mais altas de East Caribbean Dollars. Logo ao lado, os moradores da ex-capital Soufrière sabem o quão preciosa é a sua vista.
Nos anos 50, Tsfat congregava a vida artística da jovem nação israelita e recuperava a sua mística secular. Mas convertidos famosos como Madonna vieram perturbar a mais elementar discrição cabalista.
Partimos de Fianarantsoa às 7a.m. Só às 3 da madrugada seguinte completámos os 170km para Manakara. Os nativos chamam a este comboio quase secular Train Grandes Vibrations. Durante a longa viagem, sentimos, bem fortes, as do coração de Madagáscar.
Com o fim da 2ª Guerra Mundial, os filipinos transformaram milhares de jipes norte-americanos abandonados e criaram o sistema de transporte nacional. Hoje, os exuberantes jeepneys estão para as curvas.
Repete-se em quase todas as paragens em povoações de Moçambique dignas de aparecer nos mapas. O machimbombo (autocarro) detém-se e é cercado por uma multidão de empresários ansiosos. Os produtos oferecidos podem ser universais como água ou bolachas ou típicos da zona. Nesta região a uns quilómetros de Nampula, as vendas de fruta eram sucediam-se, sempre bastante intensas.
No recanto nordeste da República Dominicana, onde a natureza caribenha ainda triunfa, enfrentamos um Atlântico bem mais vigoroso que o esperado nestas paragens. Lá cavalgamos em regime comunitário até à famosa cascata Limón, cruzamos a baía de Samaná e nos embrenhamos na “terra das montanhas” remota e exuberante que a encerra.