Mulher sobe a escadaria da Igreja da Srª da Imaculada Conceição, um dos monumentos religiosos mais impressionantes de Pangim.
Sapatos abençoados
Sapatos de participantes num casamento tradicional hindu a ter lugar, ao fim da tarde, nas imediações de Anjuna.
À cabeça
Rapariga transporta um alguidar carregado sobre o pôr-do-sol e numa das ruas centrais de Pangim, a capital goesa.
Rochas divinas
Escultura de Shiva acompanhado de uma tartaruga durante a maré vazia da praia de Vagator, nas imediações de Anjuna.
Brincadeiras Balneares
Crianças criam posições com estilo sobre o areal de uma praia de Goa, em grande diversão.
Outra Goa
Barco passa por um velho pontão num braço de mar nos arredores de Pangim, em Goa.
Uma Boda Hindu
Casal durante uma cerimónia matrimonial nas imediações de Anjuna, e segundo os preceitos sagrados e coloridos da religião hindu.
Vendedoras e Vacas balneares
Vendedoras de panos goeses contornam vacas em repouso sagrado sobre o areal de uma praia a norte de Anjuna.
Imponência colonial
A igreja de Nossa Srª da Conceição, destacada num branco imaculado contra o azulão forte sobre a capital de Goa.
“Little Business”
Raparigas tentam vender panos garridos a clientes de um restaurante de praia, equilibradas sobre uma laje de rocha muito irregular.
Num transe cerimonial
Participante num casamento a ter lugar em Anjuna entoa um cântico hindu absorto na espiritualidade da sua religião.
República Lodging
A fachada peculiar do velho hotel República, na capital goesa Pangim.
Debaixo dos panos
Vendedoras de lenços e panos fazem uma pausa no seu giro pelas praias e posam para a fotografia.
Uma súbita ânsia por herança tropical indo-portuguesa faz-nos viajar em vários transportes mas quase sem paragens, de Lisboa à famosa praia de Anjuna. Só ali, a muito custo, conseguimos descansar.
Texto: Marco C. Pereira
Imagens: Marco C. Pereira-Sara Wong
O Inverno permanece rigoroso na pátria tuga e gera um súbito desejo de evasão para outro lado mais aconchegante do Mundo.
Dezassete horas após a descolagem de uma Portela frígida, aterramos na abafada Mumbai. Abençoados pelo trânsito fluído da cidade àquela hora tardia, depressa prosseguimos para a Central Station.
O Longo Trecho Ferroviário entre Bombaim e Goa
Faltam várias horas para a partida do Mandovi Express mas não há uma única sala ou negócio aberto na gare. Sem alternativa, instalamo-nos contra a parede de uma plataforma limítrofe, o mais abstraídos possível das incursões das ratazanas à depressão lúgubre e oleosa em que repousavam os carris.
A composição parte pouco depois do nascer do sol. Celebramos o facto de os assentos rebaterem como se de uma bênção de Shiva se tratasse. Acomodada a bagagem, aterramos na diagonal.
Só acordamos centenas de quilómetros depois, no limiar do estado de Maharashtra e com o de Goa a anunciar-se.
“Old Goa, Anjuna, Panjim?” interrogam-nos outros passageiros determinados em que saíssemos na estação certa. Deixamos a composição entregue à estação da Velha Goa e, com a penumbra a insinuar-se, transferimo-nos num Ambassador branco para uma pousada de nome Punan, plantada na beira-mar de Anjuna.
A Beira-Mar Tropical e Mochileira de Anjuna
Nessa noite, ainda espreitamos um ensaio de rave party nas imediações. Havia lua cheia mas faltava transe ao evento e as abordagens incessantes de vendedores de tudo um pouco acabaram por nos convencer a regressar aos novos aposentos.
O primeiro despertar em Goa tem a recompensa de um pequeno-almoço revigorante numa esplanada elevada. Saboreamos a refeição com prazer e tranquilidade. Não tanto como desejávamos.
Raparigas tentam vender panos garridos a clientes de um restaurante de praia, equilibradas sobre uma laje de rocha muito irregular.
É com surpresa que escutamos vozes femininas vindas de baixo: “Little business, sir, madam!” Just a little business.” Intrigados, espreitamos sobre o varandim e descobrimos duas jovens vendedoras na laje negra e porosa. Carregam panos abertos acima das cabeças.
As adolescentes intensificam o apelo. “Very good cloth, madam. Please, tell me a good price!”. Por essa hora, dávamos absoluta prioridade ao mergulho inaugural no Mar da Arábia. O desejo não tardaria a realizar-se.
Escultura de Shiva acompanhado de uma tartaruga durante a maré vazia da praia de Vagator, nas imediações de Anjuna.
O Areal Agitado de Goa e do Mar da Arábia
Após o longo banho e um convívio deitado sobre o areal de Anjuna, assalta-nos de novo o apetite. Compramos espetadas de abacaxi e adoçamos ainda mais a manhã. É, de novo, sol de pouca dura.
Vacas indianas, sagradas como todas, rainhas soberbas da praia sentem, no ar, o aroma açucarado da fruta.
Num ápice, temo-las com os focinhos junto às faces, a fazerem-se ao que restava do petisco. A sua persistência torna-se tal que nos força a levantar dos páreos.
Instigado pela batalha ganha, aquele gado balnear persegue-nos enquanto corremos, às voltas, de espetadas na ponta dos dedos.
Afastamo-nos o suficiente para as desencorajarmos e aproveitamos o balanço para caminharmos pelo litoral a norte. Também para aqueles lados, mais vendedoras e mais vacas protagonizariam reproduções das cenas anteriores.
Vendedoras de panos goeses contornam vacas em repouso sagrado sobre o areal de uma praia a norte de Anjuna.
A vingança não é intencional mas, com a devida autorização, juntamo-nos a um casamento hindu para que, sem verdadeiro aviso ou convite que fosse, nos convoca.
De uma forma fotográfica, perturbamo-lo o mais que podemos.
Casal durante uma cerimónia matrimonial nas imediações de Anjuna, e segundo os preceitos sagrados e coloridos da religião hindu.
Ficheiros Secretos. Mulder & Scully numa Inesperado Cinema de Goa
Foi preciso esperarmos pela noite escura e pelo retiro do terraço da Punan guest-house para sentirmos uma paz indisputada. Dessa vez, para variar, somos nós a pôr-lhe cobro.
Um clarão intrigante cintila nos ares. Não nos parece ter o padrão de festa rave nem são horas para tal. Resolvemos investigar. Achamos um anfiteatro modular quase repleto. Mesmo sem sermos grandes fãs, damos connosco a acompanhar um velho episódio da série X-Files, projectado num lençol branco gigante.
No coração de Anjuna, sob um firmamento hiperestrelado, suados devido ao calor do Verão goês, entre coqueiros altivos e outros atributos do tropicalismo indiano, acompanhamos a dupla Mulder & Scully em “Ice”, uma aventura esotérica passada num cenário árctico grandioso do Alasca.
Mas estávamos em falta para com a portugalidade de Goa. A meio da manhã seguinte, alugamos uma motoreta e mudamo-nos para Pangim.
Na capital, deambulamos por entre ruelas com nomes tão familiares como alguns dos nossos, subimos ao Altinho e à igreja de Nª Srª da Imaculada Conceição.
Ao Deus Dará, pelas Ruas da Capital Pangim
Nos bairros das Fontainhas e de São Tomé, falamos com vários habitantes com tez mais clara, olhos verde-azeitona e outros tons, antes pouco comuns naquelas partes da Índia que só a presença histórica portuguesa pode justificar.
Rapariga transporta um alguidar carregado sobre o pôr-do-sol e numa das ruas centrais de Pangim, a capital goesa.
Um ou outro nativos mais idosos atrevem-se a exemplificar o seu domínio enferrujado da nossa língua e até a exprimir algum saudosismo do já distante passado colonial. “O que vos posso dizer é que tínhamos uma boa vida todos juntos, afiança-nos um Sr. Lourenço”.
O governo indiano discorda, cumpre o seu papel e continua a resgatar o território dos antigos senhorios. Recentemente, anunciou a promulgação de uma lei que confisca propriedades de portugueses em Goa. A decisão ainda dá que falar.
Já as almas empreendedoras da cidade, preferem lucrar com o legado cultural. Apuramo-lo num dos barcos de cruzeiros no rio Mandovi. Além da tripulação, seguem também a bordo um batalhão de homens indianos e umas dezenas de senhoras de saris.
“Malhão, Malhão” e Outros Êxitos Portugueses, Rio Mandovi Acima
Mal nos tínhamos ainda ambientado, quando os anfitriões dão início a um espectáculo que contempla interpretações de canções populares anglófonas, indianas. E também portuguesas.
Todos os passageiros – nós muito mais que os restantes – se surpreendem com uma imitação de rancho folclórico de visual indo-minhoto. O espanto passa a apreensão e, logo, a pavor quando nos convocam para um deturpado “Malhão, Malhão”.
Já os homens indianos rejubilam quando chega a sua vez. Terminadas as exibições ao vivo, os animadores passam a altos berros um qualquer êxito bollywoodesco. Mal o reconhece, a turba projecta-se das mesas para a pista.
Como se todos tivessem nascido Shahrukh Khans ou outros ídolos de Mumbay, contorcem-se, abanam os braços e as mãos para um lado e para o outro, para cima e para baixo de forma tresloucada. E emulam, num delicioso êxtase embarcado as coreografias que passaram a vida a admirar.
As mulheres do grupo, essas, limitam-se a assistir.
Numa outra tarde, passamos pela Velha Goa e examinamos o património eclesiástico majestoso ali deixado pela nossa nação de aventureiros, descobridores e missionários, em particular, pela Basílica do Bom Jesus onde jaz o corpo de São Francisco de Xavier, o Apóstolo do Oriente.
Partida em Aflição Para Cochim
Quando percebemos que o comboio que tínhamos que apanhar para sul, passava pela estação local dentro de três horas, entramos em modo de aflição.
Saímos disparados para entregar a motoreta e arranjámos um táxi que nos espera na pousada enquanto metemos tudo à pressa nas mochilas. Pagamos a estadia e avisamos o motorista deste novo Ambassador que tem que seguir prego a fundo.
O homem faz questão de nos provar a qualidade daqueles clássicos. Quase voa para o interior de Goa. Pelo caminho, ainda gabamos a música que passa no seu auto-rádio de museu. Acabamos por lhe comprar a cassete.
À chegada, vemos o Netravati Express já a ganhar balanço. Ainda o apanhamos. Quinze horas depois, dávamos entrada em Cochim.
A proeminente cidade de Goa já justificava o título de “Roma do Oriente” quando, a meio do século XVI, epidemias de malária e de cólera a votaram ao abandono. A Nova Goa (Pangim) por que foi trocada chegou a sede administrativa da Índia Portuguesa mas viu-se anexada pela União Indiana do pós-independência. Em ambas, o tempo e a negligência são maleitas que agora fazem definhar o legado colonial luso.
Foi fortificada, em 1791, pelos portugueses que expulsaram os árabes das Quirimbas e se apoderaram das suas rotas comerciais. Tornou-se o 2º entreposto português da costa oriental de África e, mais tarde, a capital da província de Cabo Delgado, Moçambique. Com o fim do tráfico de escravos na viragem para o século XX e a passagem da capital para Porto Amélia, a ilha Ibo viu-se no fascinante remanso em que se encontra.
Guwahati é a maior cidade do estado de Assam e do Nordeste indiano. Também é uma das que mais se desenvolve do mundo. Para os hindus e crentes devotos do Tantra, não será coincidência lá ser venerada Kamakhya, a deusa-mãe da criação.
Chegamos ao limiar norte de Bengala Ocidental. O subcontinente entrega-se a uma vasta planície aluvial preenchida por plantações de chá, selva, rios que a monção faz transbordar sobre arrozais sem fim e povoações a rebentar pelas costuras. Na iminência da maior das cordilheiras e do reino montanhoso do Butão, por óbvia influência colonial britânica, a Índia trata esta região deslumbrante por Dooars.
Gangtok é a capital de Sikkim, um antigo reino da secção dos Himalaias da Rota da Seda tornado província indiana em 1975. A cidade surge equilibrada numa vertente, de frente para a Kanchenjunga, a terceira maior elevação do mundo que muitos nativos crêem abrigar um Vale paradisíaco da Imortalidade. A sua íngreme e esforçada existência budista visa, ali, ou noutra parte, o alcançarem.
A imprevisibilidade dos rios na região mais chuvosa à face da Terra nunca demoveu os Khasi e os Jaintia. Confrontadas com a abundância de árvores ficus elastica nos seus vales, estas etnias habituaram-se a moldar-lhes os ramos e estirpes. Da sua tradição perdida no tempo, legaram centenas de pontes de raízes deslumbrantes às futuras gerações.
A 150 km de solidão para norte da matriarca São Tomé, a ilha do Príncipe eleva-se do Atlântico profundo num cenário abrupto e vulcânico de montanha coberta de selva. Há muito encerrada na sua natureza tropical arrebatadora e num passado luso-colonial contido mas comovente, esta pequena ilha africana ainda abriga mais estórias para contar que visitantes para as escutar.
Com a chegada de Vasco da Gama ao extremo sudeste de África, os portugueses tomaram uma ilha antes governada por um emir árabe a quem acabaram por adulterar o nome. O emir perdeu o território e o cargo. Moçambique - o nome moldado - perdura na ilha resplandecente em que tudo começou e também baptizou a nação que a colonização lusa acabou por formar.
O conflito com o Paquistão e a ameaça do terrorismo tornaram as filmagens em Caxemira e Uttar Pradesh um drama. Em Ooty, constatamos como esta antiga estação colonial britânica assumia o protagonismo.
Em 1565, o império hindu de Vijayanagar sucumbiu a ataques inimigos. 45 anos antes, já tinha sido vítima da aportuguesação do seu nome por dois aventureiros portugueses que o revelaram ao Ocidente.
Mal o curto Inverno parte, Jaisalmer entrega-se a desfiles, a corridas de camelos e a competições de turbantes e de bigodes. As suas muralhas, ruelas e as dunas em redor ganham mais cor que nunca. Durante os três dias do evento, nativos e forasteiros assistem, deslumbrados, a como o vasto e inóspito Thar resplandece afinal de vida.
No limiar norte da província indiana de Arunachal Pradesh, Tawang abriga cenários dramáticos de montanha, aldeias de etnia Mompa e mosteiros budistas majestosos. Mesmo se desde 1962 os rivais chineses não o trespassam, Pequim olha para este domínio como parte do seu Tibete. De acordo, há muito que a religiosidade e o espiritualismo ali comungam com um forte militarismo.
Descemos das terras altas e montanhosas de Meghalaya para as planas a sul e abaixo. Ali, o caudal translúcido e verde do Dawki faz de fronteira entre a Índia e o Bangladesh. Sob um calor húmido que há muito não sentíamos, o rio também atrai centenas de indianos e bangladeshianos entregues a uma pitoresca evasão.
Chega Dezembro. Com uma população em larga medida cristã, o estado de Meghalaya sincroniza a sua Natividade com a do Ocidente e destoa do sobrelotado subcontinente hindu e muçulmano. Shillong, a capital, resplandece de fé, felicidade, jingle bells e iluminações garridas. Para deslumbre dos veraneantes indianos de outras partes e credos.
Nem o forte declive de alguns tramos nem a modernidade o detêm. De Siliguri, no sopé tropical da grande cordilheira asiática, a Darjeeling, já com os seus picos cimeiros à vista, o mais famoso dos Toy Trains indianos assegura há 117 anos, dia após dia, um árduo percurso de sonho. De viagem pela zona, subimos a bordo e deixamo-nos encantar.
O Maguri Bill ocupa uma área anfíbia nas imediações assamesas do rio Bramaputra. É louvado como um habitat incrível sobretudo de aves. Quando o navegamos em modo de gôndola, deparamo-nos com muito (mas muito) mais vida que apenas a asada.
A fortaleza de Jaisalmer foi erguida a partir de 1156 por ordem de Rawal Jaisal, governante de um clã poderoso dos confins hoje indianos do Deserto do Thar. Mais de oito séculos volvidos, apesar da contínua pressão do turismo, partilham o interior vasto e intrincado do último dos fortes habitados da Índia quase quatro mil descendentes dos habitantes originais.
Durante 25 horas, percorremos a NH13, uma das mais elevadas e perigosas estradas indianas. Viajamos da bacia do rio Bramaputra aos Himalaias disputados da província de Arunachal Pradesh. Neste artigo, descrevemos-lhe o trecho até aos 4170 m de altitude do Sela Pass que nos apontou à cidade budista-tibetana de Tawang.
Situado no estado de Assam, a sul do grande rio Bramaputra, o PN Kaziranga ocupa uma vasta área de pântano aluvial. Lá se concentram dois terços dos rhinocerus unicornis do mundo, entre em redor de 100 tigres, 1200 elefantes e muitos outros animais. Pressionado pela proximidade humana e pela inevitável caça furtiva, este parque precioso só não se tem conseguido proteger das cheias hiperbólicas das monções e de algumas polémicas.
Majuli é a maior ilha fluvial da Índia e seria ainda uma das maiores à face da Terra não fosse a erosão do rio Bramaputra que há séculos a faz diminuir. Se, como se teme, ficar submersa dentro de vinte anos, mais que uma ilha, desaparecerá um reduto cultural e paisagístico realmente místico do Subcontinente.
Os portugueses fundaram Gurué, no século XIX e, a partir de 1930, inundaram de camelia sinensis os sopés dos montes Namuli. Mais tarde, renomearam-na Vila Junqueiro, em honra do seu principal impulsionador. Com a independência de Moçambique e a guerra civil, a povoação regrediu. Continua a destacar-se pela imponência verdejante das suas montanhas e cenários teáceos.
Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
No dia 1 de Julho de 2015, Walter Palmer, um dentista e caçador de trofeus do Minnesota matou Cecil, o leão mais famoso do Zimbabué. O abate gerou uma onda viral de indignação. Como constatamos no PN Hwange, quase dois anos volvidos, os descendentes de Cecil prosperam.
Este trecho do Circuito Annapurna só dista 1km mas, em menos de duas horas, leva dos 4450m aos 4850m e à entrada do grande desfiladeiro. Dormir no High Camp é uma prova de resistência ao Mal de Montanha que nem todos passam.
Quando armadores de Reiquejavique compraram a frota pesqueira de Seydisfjordur, a povoação teve que se adaptar. Hoje, captura discípulos da arte de Dieter Roth e outras almas boémias e criativas.
Kalsoy é uma das ilhas mais isoladas do arquipélago das faroés. Também tratada por “a flauta” devido à forma longilínea e aos muitos túneis que a servem, habitam-na meros 75 habitantes. Muitos menos que os forasteiros que a visitam todos os anos atraídos pelo deslumbre boreal do seu farol de Kallur.
Mal o curto Inverno parte, Jaisalmer entrega-se a desfiles, a corridas de camelos e a competições de turbantes e de bigodes. As suas muralhas, ruelas e as dunas em redor ganham mais cor que nunca. Durante os três dias do evento, nativos e forasteiros assistem, deslumbrados, a como o vasto e inóspito Thar resplandece afinal de vida.
Fundada, em 1685, após a descoberta de filões de prata, Álamos desenvolveu-se com base numa estrutura urbana e arquitectura da Andaluzia. Com o fim da prata, valeu-lhe a sua outra riqueza. Uma genuinidade e tranquilidade pós-colonial que a destaca do estado de Sonora e do vasto ocidente do México.
Eram 4 as etnias condóminas de Singapura, cada qual com a sua tradição culinária. Adicionou-se a influência de milhares de imigrados e expatriados numa ilha com metade da área de Londres. Apurou-se a nação com a maior diversidade gastronómica do Oriente.
Um pouco por todo o Mundo, cada nação, região ou povoação e até bairro tem a sua cultura. Em viagem, nada é mais recompensador do que admirar, ao vivo e in loco, o que as torna únicas.
Em 1853, Busselton foi dotada de um dos pontões então mais longos do Mundo. Quando a estrutura decaiu, os moradores decidiram dar a volta ao problema. Desde 1996 que o fazem, todos os anos. A nadar.
Em pleno Circuito Annapurna, chegamos por fim a Manang (3519m). Ainda a precisarmos de aclimatizar para os trechos mais elevados que se seguiam, inauguramos uma jornada também espiritual a uma caverna nepalesa de Milarepa (4000m), o refúgio de um siddha (sábio) e santo budista.
Há mais de 2000 anos, inspirado pelo seu deus do arroz, o povo Ifugao esquartejou as encostas de Luzon. O cereal que os indígenas ali cultivam ainda nutre parte significativa do país.
Uma colónia holandesa das Caraíbas tornou-se um grande polo esclavagista. Acolheu judeus sefarditas que se haviam refugiado da Inquisição em Amesterdão e Recife e assimilou influências das povoações portuguesas e espanholas com que comerciava. No âmago desta fusão cultural secular esteve sempre a sua velha capital: Willemstad.
Florestas tropicais e manguezais impenetráveis preenchem Iriomote sob um clima de panela de pressão. Aqui, os visitantes estrangeiros são tão raros como o yamaneko, um lince endémico esquivo.
Fartos de esperar pela descida do velhote de barbas pela chaminé, invertemos a história. Aproveitamos uma viagem à Lapónia Finlandesa e passamos pelo seu furtivo lar.
Perduram no cimo do Monte Roraima cenários extraterrestres que resistiram a milhões de anos de erosão. Conan Doyle criou, em "O Mundo Perdido", uma ficção inspirada no lugar mas nunca o chegou a pisar.
Despertamos em Chame, ainda abaixo dos 3000m. Lá avistamos, pela primeira vez, os picos nevados e mais elevados dos Himalaias. De lá partimos para nova caminhada do Circuito Annapurna pelos sopés e encostas da grande cordilheira. Rumo a Upper Pisang.
Herdeira da civilização soviética, alinhada com a grande Rússia, a Arménia deixa-se seduzir pelos modos mais democráticos e sofisticados da Europa Ocidental. Nos últimos tempos, os dois mundos têm colidido nas ruas da sua capital. Da disputa popular e política, Erevan ditará o novo rumo da nação.
Há muito que esta região do interior elevado da Madeira tem a cargo a repopulação das trutas arco-íris da ilha. Entre os vários trilhos e levadas que confluem nos seus viveiros, o Parque Florestal Ribeiro Frio oculta panoramas grandiosos sobre o Pico Arieiro, o Pico Ruivo e o vale da Ribeira da Metade que se estende à costa norte.
Sob ameaça dos inimigos desde os confins dos tempos, os líderes de povoações e de nações ergueram castelos e fortalezas. Um pouco por todo o lado, monumentos militares como estes continuam a resistir.
Alexander Pushkin é louvado por muitos como o maior poeta russo e o fundador da literatura russa moderna. Mas Pushkin também ditou um epílogo quase tragicómico da sua prolífica vida.
Ishigaki é uma das últimas ilhas da alpondra que se estende entre Honshu e Taiwan. Ishigakijima abriga algumas das mais incríveis praias e paisagens litorais destas partes do oceano Pacífico. Os cada vez mais japoneses que as visitam desfrutam-nas de uma forma pouco ou nada balnear.
Se Tbilissi é a capital contemporânea, Mtskheta foi a cidade que oficializou o Cristianismo no reino da Ibéria predecessor da Geórgia, e uma das que difundiu a religião pelo Cáucaso. Quem a visita, constata como, decorridos quase dois milénios, é o Cristianismo que lá rege a vida.
Nem o forte declive de alguns tramos nem a modernidade o detêm. De Siliguri, no sopé tropical da grande cordilheira asiática, a Darjeeling, já com os seus picos cimeiros à vista, o mais famoso dos Toy Trains indianos assegura há 117 anos, dia após dia, um árduo percurso de sonho. De viagem pela zona, subimos a bordo e deixamo-nos encantar.
Os indígenas da Serra Nevada de Santa Marta acreditam que têm por missão salvar o Cosmos dos “Irmãos mais Novos”, que somos nós. Mas a verdadeira questão parece ser: "Quem os protege a eles?"
De 1954 a 1983, Gérard Pierre projectou muitos dos filmes famosos que chegavam à Martinica. 30 anos após o fecho da sala em que trabalhava, ainda custava a este nativo nostálgico mudar de bobine.
A savana de Mara tornou-se famosa pelo confronto entre os milhões de herbívoros e os seus predadores. Mas, numa comunhão temerária com a vida selvagem, são os humanos Masai que ali mais se destacam.
Um capricho geológico fez da região de Fiordland a mais crua e imponente da Nova Zelândia. Ano após anos, muitos milhares de visitantes veneram o sub-domínio retalhado entre Te Anau e Milford Sound.